Indicadores de Desempenho: Luxo ou lixo?

Este artigo tem um título provocativo e ideia é mesmo abordar a polemica de todo mundo que faz gestão, seja lá do que for. Pra que me servem os KPI (Key Performace Indicators) que a empresa monitora nas diversas áreas e processos?

Como costuma bater sempre na mesma tecla meu amigo Prof. Lourival Tavares, será que falamos a mesma lingua e estamos acordados com relação a TERMINOLOGIA e CONCEITOS com que vamos nos trabalhar e comunicar?

Então vamos a algumas definições que estão no meu "Glossário da Manutenção Brasileira":

Padrões de Desempenho: Conjunto de indicadores e metas que definem o nível aceitável de desempenho para processos ou sistemas. Embora seja um conceito comum em gestão de qualidade e manutenção, não é regulado por uma única norma ISO.

KPIs de Manutenção: Indicadores-chave de desempenho usados para avaliar a eficácia das práticas de manutenção. Enquanto KPIs são fundamentais para a gestão de desempenho, eles são adaptados de acordo com as necessidades específicas e não são definidos por uma única norma ISO.

Custo de Manutenção: Despesas associadas à execução das atividades de Manutenção. Embora discutido amplamente em literatura de gestão, não é especificamente coberto por uma norma ISO.

Reengenharia de Processos: Revisão e redesenho radical dos processos para alcançar melhorias drásticas em indicadores críticos como custo, qualidade, serviço e velocidade. Embora amplamente discutido em gestão de negócios, não é especificado em uma norma ISO.

Tempo de Inatividade: Período em que um sistema ou componente não está operacional devido a falhas, manutenção ou outras interrupções. Diretamente relacionado a indicadores de desempenho e eficiência, mas sem especificação detalhada em normas ISO.

Taxa de Adesão à Programação: Indica eficiência operacional, crucial em indústrias como manufatura e serviços. Alinhamento com metas organizacionais de desempenho e confiabilidade.

Número de Não Conformidades em Auditorias: Mede a quantidade de questões de conformidade identificadas durante auditorias internas ou externas, indicando áreas de risco potencial.

A REALIDADE BATE A SUA PORTA

A coisa é séria. Imagina uma empresa que se pretende ter uma administração moderna, competitiva, capaz de gerar valor em seus produtos e serviços obtendo o reconhecimento de seus clientes, entregando hoje tudo o que promete e de tal forma que está garantido o amanhã com a perenidade da organização.

Para saber se a coisa vai bem ou mal, perguntas devem ser respondidas: com certeza, mais ou menos, ainda estamos longe ou nem sei do que se trata.

Sua empresa tem Padrões de Desempenho e todos os colaboradores sabem de sua existencia e fazem uso deles? 45% das empresas brasieliras não tem nenhuma definição do que vem a ser Padrão de Desempenho.

Como está o resultado do seu mix de KPIs de Manutenção? 26% das empresas brasileiras NÃO TËM NENHUM INDICADOR em uso. E olha que para 12% das empresas o unico indicador em uso é exatamente o de CUSTO.

Na empresa há uma cultura de melhoria de desempenho e inovação, na linha de uma Reengenharia de Processos? 45% das empresas brasileiras não tem ou possuem uma área bem incipiente de PPCM (Planejamento, Programação e Controle) e 67% estão na mesma situação quanto Engenharia de Manutenção.

A Manutenção sabe a quantas anda o Tempo de Inatividade da Operação e ou Produção? Somente 37% das empresas brasileiras tem um monitoramento da Disponibilidade de Equipamentos Críticos Mecanicos e Elétricos.

Seu planejamento de serviços vai bem casado com a execução de campo com boa Taxa de Adesão à Programação? No Brasil a taxa de satisfação dos serviços executados com relação ao programado está em 76%. E para quem controla o Backlog (23%), a tendencia majoritária tem sido de pequeno aumento da carteira pendente.

Todos sabem da importancia do Custo de Manutenção e está tudo sob controle? Para a maioria das empresas (72%) CUSTO de Manutenção quem faz O CONTROLE é a CONTABILIDADE.

Sabemos que melhorar significa revisar e ter um olhar holistico, inclusive com ajuda externa para ter sempre um trabalho forte quanto Número de Não Conformidades em Auditorias? Auditoria da Manutenção é coisa rara no Brasil. As pesquisas mostram que 27% das empresas não sofrem auditoria externa de espécie alguma. E Auditoria da Manutenção especificamente, por consultores ou entidades externas, é algo que só é praticado em 28% das empresas. A certificação pela ISO 55001 ainda não passa nem perto de 86% das empresas.

DO LIXO AO LUXO, QUAL O CAMINHO A SEGUIR?

No âmbito da Manutenção, Gestão de Facilities, Suprimentos e Segurança e Meio Ambiente, há uma variedade de normas de boas práticas e legislações que são fundamentais para o cumprimento das normas aplicáveis, que exigem monitoramento de indicadores específicos. Numa lista dos mais importantes, KPI, esses não são uma livre escolha, são exigíveis.

Importante observar que qualquer gestor iniciante sabe que indicadores podem ser adaptados e modificados conforme a necessidade específica da organização, ajudando a monitorar áreas críticas para a Manutenção e a Gestão de Ativos. A seleção adequada e o monitoramento dos KPIs são fundamentais para garantir que a gestão de manutenção contribua efetivamente para os objetivos estratégicos da organização.

As empresas que são referencia no mercado nos ensinam que a caminhada para a excelencia é um trabalho longo, tortuoso, mas de retorno garantido.

Quem quer sair do lixo e alcançar o luxo é preciso dar o primeiro passo. Vai depender de onde voce quer chegar, com quem vai caminhar, quais recursos tem pra usar, quando pretende chegar, porque afinal precisa se colocar em movimento.

Em tempo: todos esses dados apresentados acima são oriundos das pesquisas feitas desde 2009 pelo site www.indicadoresdegestao.com

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Abraços

Paulo Roberto Walter - Consultoria em Gestão de Ativos desde 1986.

www.limawalter.com.br