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8/11/22 às 13h09 - Atualizado em 8/11/22 às 14h40

Catetinho faz 66 anos com viagem no tempo

Texto: Alexandre Freire. Edição: Déborah Gouthier

 

Museu do Catetinho ao fundo; em primeiro plano, pés da estátua de JK

Museu do Catetinho. Foto: Hugo Lira

 

Que tal fazer uma viagem no tempo e encontrar Tom Jobim e Vinícius de Moraes no Catetinho, primeira residência oficial da Presidência da República, onde ambos estavam hospedados a convite de JK, e, com os sentidos embalados pelo ruído musical de uma fonte límpida, presenciar o momento em que os dois parceiros compuseram o clássico da Bossa Nova “Água de Beber”? Pois é justamente isso que o espaço, hoje Museu do Catetinho, preparou para comemorar com o público os 66 anos de sua fundação, que ocorreu em 10 de novembro de 1956.

 

Nesta quarta e quinta-feira, dias 9 e 10/11, o espaço cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) programou atividades para o público e para alunos da rede pública do Distrito Federal, tendo como ponto alto o filme em realidade virtual “Água de Beber” (2022, 8 minutos), dirigido por Filipe Gontijo e Henrique Siqueira e produzido com recursos do Fundo de Apoio a Cultura do DF (FAC) no montante de R$ 50 mil e geração de 20 empregos diretos e indiretos. As comemorações incluem também a experiência pioneira de visitação noturna, com músicos cantando Bossa Nova, encontro com o autor do livro infantil “Brasília e o sonho encantado” (2020, editora Edebê), Alexandre Parente, além de visitas guiadas e atividades educativas.

 

 

VISITAÇÃO

A gerente do Museu do Catetinho, Artani Pedrosa, está entusiasmada com a exibição do filme, que utiliza óculos de realidade virtual. “O equipamento estará disponível para qualquer visitante assistir no local”, explica. Ela também aposta no sucesso da experiência de receber estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) à noite, período em que outros equipamentos públicos estão fechados: “A proposta é estreitar os laços do Catetinho e das escolas que oferecem EJA e, assim, ampliar o acesso ao patrimônio cultural e contribuir com a função social do equipamento”.

 

Para a noite do dia 9, o Catetinho receberá os docentes e discentes do Centro de Ensino Fundamental 11 (CEF11) do Gama, unidade escolar de EJA da rede pública do DF, que oferece turmas inclusivas para jovens acima de 15 anos. A visita mediada contará com a participação da equipe de professores intérpretes de Libras do CEF11. “Vamos fazer a primeira noite com o CEF11 e depois faremos a avaliação da ação educativa com esse público específico, para implantar como programa de visitação noturna no Catetinho em 2023. A proposta inicial é que seja uma vez por mês”, explica a gerente do espaço cultural.

 

A servidora Gisele Araújo, na Secec desde 2011, atua no programa Territórios Culturais e no Educativo Catetinho, e vai receber estudantes para atividades durante o dia. O alunado participará da construção coletiva de um mural afetivo sobre os 66 anos do Museu, uma caça a objetos expostos, pintura livre e produção de origamis. Quatro escolas estão agendadas para a programação, que pretende receber um total de aproximadamente 190 alunos.

 

O mural afetivo será uma árvore, representando a flora local, composta por mata de galeria, em torno da nascente, e cerrado, com presença de rica fauna. “Os estudantes comporão a copa da árvore, imprimindo as digitais dos dedos com tinta guache”, explica Gisele. Já a caça aos objetos prevê a localização de itens expostos a partir dos folders que o Catetinho fornece com detalhes de seu acervo. Além disso, haverá uma atividade de leitura com o autor de “Brasília e o sonho encantado”, ao lado da experiência imersiva do filme “Água de Beber”.

 

Sobre o livro, Parente diz que “é minha declaração de amor pela cidade. De uma forma lúdica e divertida, a gente misturou um pouco de fantasia, história, arquitetura, geografia, meio ambiente, elementos que representam Brasília e o cerrado”. Natural do Ceará, o escritor mudou-se para a Capital com a família ainda menino e está radicado aqui. O objetivo da atividade na programação de aniversário do Catetinho é que as crianças do Ensino Fundamental, na faixa dos dez anos, estabeleçam laços entre a narrativa do livro e a realidade que vivem. “Ao ler o livro, as crianças vão reconhecendo monumentos, algum personagem que faz parte da história da cidade, a paisagem do cerrado, alguma ave. Eu trago vários elementos para despertar o sentimento de pertencimento das crianças à Capital”, conta.

 

IMERSÃO

Como parte da história do Museu, o diretor Henrique Siqueira lembra que Tom Jobim e Vinícius de Moraes estavam em Brasília, encarregados de criar a “Sinfonia do Alvorada”, obra orquestral desejada por JK para a inauguração da cidade e que só ficaria pronta no final de 1960. Para a missão, os compositores tinham vindo conhecer pessoalmente a cidade que, nas palavras de Vinícius, ainda “era o ermo”. A lenda diz que certa noite, depois do jantar, os dois ouviram um barulho de água e perguntaram a um candango: “mas que barulho de água é esse?”. E ouviram como resposta: “É água de beber, camará”. “Os compositores se divertiram com a resposta, e aquela frase ficou na cabeça até virar música”, conta Henrique.

 

Atores interpretam Vinicius e Tom na sala de despacho do Catetinho

Foto: Divulgação “Água de Beber” (2022)

Segundo o diretor, com a experiência imersiva do filme, o visitante do Catetinho poderá presenciar em realidade virtual esse momento, em que Tom e Vinicius, encantados pela natureza ao redor, tiveram a inspiração para compor o sucesso mundial da Bossa Nova. Serão disponibilizados óculos de realidade virtual, cadeiras giratórias e instrutores para os visitantes.

 

Toda a equipe do filme é formada por pessoas de Brasília. Tom Jobim é interpretado pelo ator João Gott. No papel de Vinícius, o ator Adriano Siri testemunha que “trabalhar com esta experiência virtual, como ator, pela primeira vez, foi muito bom e desafiador”. Ele conta que “a forma como a gente interpreta e lida com a câmera na realidade virtual é diferente de um filme normal. Nós pudemos recriar o ambiente de forma muito preciosa para quem assiste. Foi muito compensador fazer parte do projeto”.

 

Siri diz que a pesquisa feita pela produção do curta “Água de Beber” foi muito rica e trouxe passagens pitorescas, que nem chegaram a ser reproduzidas no filme. Entre elas, lembra o ator, está o fato de que Vinícius trocava garrafas de vinho da adega de JK por uísque, para fazer com que sua bebida favorita chegasse até o ermo.

 

O também diretor Filipe Gontijo explica o funcionamento da realidade virtual: “depois de fixar os óculos no rosto, para onde quer a pessoa olhe, ela está dentro do filme. No gabinete do JK, você olha para um lado e vê as poltronas; para o outro, tem a mesa de despacho; olha para frente e lá está o Tom Jobim escrevendo uma partitura. Tem gente que até esquece onde estava antes de colocar os óculos e só se lembra quando volta pro mundo real”.

 

SERVIÇO: 66 Anos do Catetinho

Dias 9 e 10 de novembro

Endereço: BR 040 – Saída Sul; Park Way/DF. CEP 72401 970 Brasília -DF

 

Atores interpretam Vinicius e Tom na nascente do Catetinho

Foto: Divulgação “Água de Beber” (2022)

9/11

9h – Abertura

“Água de Beber – uma viagem no tempo ao lado de Vinicius de Moraes e Tom Jobim” – Experiência imersiva

9h30 – Visita Mediada Territórios Culturais

10h – 17h Atividades educativas:

  • Construção Coletiva do Mural Afetivo – 66 anos Catetinho
  • Caça aos objetos

19h – “Anoitecer no Catetinho: estreitando laços entre o museu e o público da EJA”

 

10/11

9h – “Água de Beber – uma viagem no tempo ao lado de Vinicius de Moraes e Tom Jobim” – Experiência imersiva

9h30 – “Brasília e o sonho encantado” – Encontro com o Autor Alexandre Parente

  • Ação educativa: “Vc é o arquiteto: vamos desenhar!”

10h – 17h Atividades educativas:

  • Construção Coletiva do Mural Afetivo – 66 anos Catetinho
  • Caça aos objetos

11h – Visita Mediada Palácio do Catetinho – Territórios Culturais

14h – Visita Mediada Palácio do Catetinho – Territórios Culturais

 

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)

E-mail: comunicacao@cultura.df.gov.br