Carnaval

Ilê Aiyê ganha Troféu Band Folia em homenagem aos 50 anos: "Não é só Carnaval"

O pioneiro bloco afro do Brasil, estabeleceu-se como uma das mais importantes expressões culturais do Carnaval de Salvador

Da Redação

O Bloco Ilê Aiyê recebeu o Troféu Band Folia, em Salvador, nesta terça-feira (13). O cortejo foi homenageado pelos 50 anos de história no Carnaval da cidade. Representantes do bloco receberam o troféu das mãos do apresentador Betinho.

Vovô do Ilê, fundador do projeto, agradeceu o prêmio: “Obrigada pelo reconhecimento, é muito importante para nós". O criador do grupo ainda destacou: “O ilê não é só Carnaval. Espero que essa visibilidade sensibilize empresários e patrocinadores para pautas sociais o ano inteiro”. 

“É muito gratificante e uma emoção muito grande. Em 1974 nós não tínhamos essa expectativa. Nós só tínhamos um objetivo: através do Carnaval, combater o racismo nessa cidade, o que não foi completamente erradicado”, complementa Vovô. 

Os melhores de 2024 foram homenageados em quatro categorias: cantor, cantora, banda, música e homenagem. O público votou no Troféu Band Folia 2024 em band.com.br desde o início oficial do Carnaval de Salvador. 

Como nasceu o Ilê Aiyê?

O Ilê Aiyê, também conhecido simplesmente como Ilê, surgiu em 1974 como o pioneiro bloco afro do Brasil, estabelecendo-se como uma das mais importantes expressões culturais do Carnaval de Salvador.

Seu fundador, Antonio Carlos dos Santos, mais conhecido como Vovô do Ilê, criou o grupo com moradores do bairro do Curuzu, em um momento histórico marcado pelo surgimento de movimentos em prol da valorização da cultura negra na década de 1970. 

O Ilê Ayê foi uma resposta a esse contexto, apresentando a proposta de ser um bloco formado exclusivamente por pessoas negras.

Apesar da resistência de alguns setores da sociedade, o projeto seguiu adiante. O bloco foi estabelecido no terreiro Ilê Axé Jitolu, situado na ladeira do Curuzu, bairro da Liberdade em Salvador, uma região de maioria negra na capital baiana. 

Durante cerca de duas décadas, o terreiro serviu como sede do Ilê Ayê, abrigando a administração, costura de fantasias e recepção dos associados.

O nome do bloco tem origem no idioma iorubá, utilizado em vários países africanos, e carrega um significado profundo. "Ilê" significa casa e "Aiyê" terra, resultando em uma tradução que remete à conexão com as raízes africanas e à representatividade da população negra: "nossa casa" ou "nossa Terra".

Daniela Mercury fez homenagem ao Ilê Aiyê 

Ao passar pelo Camarote Planeta Band, a cantora Daniela Mercury fez uma homenagem ao Ilê Yiê, um dos blocos mais tradicionais de Salvador, que completa 50 anos. No discurso, a rainha do axé condenou práticas racistas.

“Antes da escravidão, não se distinguia cor da pele. Não se tratava as pessoas de forma diferente. Então, que a gente aprenda a não discriminar, que a gente não aceite o racismo em hipótese alguma, que a gente celebre o Ilê muito mais”, disse a artista.

A homenagem ressaltou as letras das músicas que celebra a beleza e exuberância do povo negro.

“Eu venho acompanhando essa beleza que é o Ilê Aiyê. Vocês têm visto o Ilê passar. Quem viu o Ilê passar nunca mais esquece da poesia. Nunca mais esquece de todas as canções que falam de nós, contra a opressão que celebram a beleza e a exuberância de um povo que é espetacular e que precisa se amar mais e mais na luta contra o racismo, que jamais deveria ter existido”, pontuou a cantora.

Ela foi umas das cantoras que divulgou as músicas do bloco e gravou o clássico O Mais Belo Dos Belos (A verdade do Ilê). Em entrevista ao Band Folia, a cantora falou sobre a importância do bloco: “O Ilê é importante para a música da Bahia, a cultura, luta política contra o racismo. O Ilê também determina uma estética que hoje a gente segue”.

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