Doenças do outono reforçam atenção da vigilância laboratorial da Funed
Com a chegada do outono, as autoridades de saúde reforçam os cuidados para evitar a propagação de vírus respiratórios, especialmente o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Esse agente infeccioso, em especial, é conhecido por afetar principalmente crianças pequenas, idosos e pessoas com sistema imunológico comprometido.
Na Fundação Ezequiel Dias (Funed), onde está localizado o Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (Lacen-MG), o cenário mostra o Vírus Sincicial Respiratório como um dos mais frequentemente identificados, a partir do mês de março. Segundo a referência técnica do Laboratório de Vírus Respiratórios da Funed, André Felipe Leal Bernardes, o cenário deste ano se difere do de 2023, quando o aumento de detecção do vírus teve início em janeiro e se estendeu até maio. “Podemos dizer que neste ano houve mudanças nos padrões de propagação do VSR, o que não nos faz diminuir nosso alerta, uma vez que ainda vivenciamos uma epidemia de arbovírus e expressivos resultados positivos para SARS-CoV-2”, reforça.
André explica ainda que o aumento da circulação do VSR está diretamente relacionado a um crescimento expressivo da incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) nas crianças pequenas, superando os casos de covid-19 nessa faixa etária. “A previsão é de aumento dos casos de Srag a longo prazo no estado e esse impacto é significativo, uma vez que a Síndrome pode levar a uma série de complicações respiratórias que variam de leves a graves, como pneumonia e bronquiolite, especialmente em bebês e crianças com menos de dois anos”, reforça a referência técnica da Funed.
Arboviroses
O cenário das arboviroses se mantém como o mais desafiador já registrado na história do estado de Minas Gerais. Dados recentes (até 10/4) mostram que o Serviço de Virologia e Riquetsioses (SVR) da Funed processou e liberou, somente em 2024, 228.539 laudos para as arboviroses, sendo 80% exames moleculares e 20% exames sorológicos. Segundo a coordenadora da Divisão de Epidemiologia e Controle de Doenças, Josiane Barbosa Piedade Moura, um recorte na série histórica revela que o mês de fevereiro de 2024 recebeu seis vezes mais amostras (n= 31.130), quando comparado à epidemia de 2023 (n= 5.234); e 86 vezes mais quando comparado a 2022 (n=360), ano interepidêmico. “A previsão de recebimento de amostras para abril de 2024 é de 28.231 amostras”, sinaliza.
Como forma de atender ao aumento da demanda, a Funed vem realizando uma séria de ações que envolvem não apenas os servidores do Instituto Octávio Magalhães, como das demais diretorias. Entre elas, destacam-se os plantões aos finais de semana, feriados e pontos facultativos para todas as atividades pré-analíticas, analíticas e pós-analíticas; extensão da carga horária dos servidores; início das atividades em plantão 12X36 em horário noturno; envio de parte das amostras para serem analisadas nas centrais de testagem do Ministério da Saúde; e revisão de processos internos no Serviço de Gerenciamento de Amostras Biológicas, com o objetivo de agilizar as etapas pré-analíticas. “Como resultados dos esforços de toda a Funed, espera-se uma significativa diminuição no passivo das amostras e ainda no tempo de liberação dos resultados dos exames, já neste mês de abril”, reforça Josiane Barbosa.
O chefe do SVR, Felipe Campos de Melo Iani, destaca ainda a relevância da vigilância molecular realizada pelo Lacen-MG, na Funed. “Essa é uma ferramenta crucial no enfrentamento das doenças infecciosas, como o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), a covid-19 e as arboviroses, que impactam profundamente a saúde pública em Minas Gerais. Isso porque, a circulação desses vírus, uma vez identificada de forma precoce, possibilita às autoridades de saúde um melhor monitoramento e uma resposta mais ágil às emergências de saúde”, ressalta.
Ações em Saúde
Como forma de ampliar a assistência aos casos de doenças respiratórias, principalmente no público infantil, um dos mais atingidos pela propagação do Vírus Sincicial Respiratório, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) anunciou, no final do último mês, que iria dobrar a capacidade de atendimento para dar suporte à demanda do Hospital Infantil João Paulo II durante a sazonalidade dessas doenças. Para isso, serão abertos dez novos leitos de terapia intensiva pediátrica, fundamentais para suprir o aumento da procura por internações nos próximos meses. Desta forma, o Hospital João XXIII chega a 20 leitos de UTI pediátrica, além dos 16 no Hospital Infantil João Paulo II. Ao todo, serão, no período, 103 de UTI (incluindo adulto) no Complexo Hospitalar de Urgência e Emergência (36 pediátricos e 67 adultos). Leia a matéria completa neste link.
Já no que diz respeito às ações para enfrentamento das doenças provocadas pelo Aedes aegypti, existe no estado o Comitê Estadual de Enfrentamento das Arboviroses (CEEA), no âmbito da SES-MG, Nível Central, e os Comitês Regionais de Enfrentamento das Arboviroses, nas 28 Unidades Regionais de Saúde do estado. Esses comitês se reúnem semanalmente no período de sazonalidade (dezembro a maio) e quinzenalmente fora desse período, com o intuito de monitorar o cenário epidemiológico e assistencial das arboviroses no estado de Minas Gerais, discutir as ações a serem desenvolvidas e realizar as deliberações necessárias para o devido enfrentamento das arboviroses no estado. Saiba mais sobre as ações do estado em: https://www.saude.mg.gov.br/aedes
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Publicado em: 10 de abril de 2024 17:33