Na época do Orkut era comum encontrar comunidades em que as pessoas entravam por questão de pertencimento ou por acharem o título engraçado ou, ainda, porque queriam viver experiências on-line fingindo ser outras pessoas (estamos falando aqui daquelas contas fakes que simulavam uma realidade paralela). Mas, alguns grupos se juntavam para elogiar alguma personalidade, algum amigo e até mesmo um professor. Certamente se a rede social já falecida ainda estivesse entre nós, Sílvio Y Sato teria uma página em sua homenagem com milhares de membros. 

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A “Eu já tive aula com Silvio Y Sato” teria alunos de colégios de Florianópolis e também algumas dezenas de amigos e admiradores do professor de biologia. A descrição da página certamente mencionaria que ele é aquele tipo de gente naturalmente cativante e com um senso de humor que dá inveja em comediantes de stand-up. 

Natural de Maringá (PR), ele escolheu morar aqui há 30 anos para estudar Biologia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Conheceu uma Florianópolis sem trânsito e mais segura. Silvio lembra de andar a noite pelas ruas com tranquilidade e que na época a cidade era tida como queridinha dos paranaenses “junto com Balneário Camboriú”, conta Sato. 

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Escolheu a Trindade como lar e lá está há três décadas vivendo com o barulho de universitários cada vez mais jovens e mais aventureiros (andam bebendo corote e deixando a praça do Pida, ponto tradicional de festas, limpa após horas de bebedeira). 

Mas estar perto de recém-adultos e adolescentes não é problema para um professor que leciona para o Ensino Médio e cursinho preparatório de vestibular. A rotina é de salas de aula cheias, quadros ultratecnológicos e caminhadas de cinco minutos entre os dois colégios em que dá aulas. Sobra um tempinho ainda para ser um divulgador cultural ativo (pelo menos duas postagens no dia sobre algum lugar bacana ou um show no Instagram) e para dar passeios pelo Centro da cidade. 

Sílvio é como uma celebridade para parte de seus alunos. Ao andar no Centro é parado por uma dupla que faz questão de abraçar e acompanhar o professor por um trecho. Comentaram sobre a aula e o Carnaval e se despediram. Ver a cena é tipo presenciar um encontro entre fã e ídolo. 

A Florianópolis de Sílvio são as escolas onde trabalha e as ruas do Centro onde passeia para tirar fotos, os murais enormes feitos por seus amigos em prédios da cidade, os barzinhos descolados da rua Victor Meirelles, as praias do Moçambique e da Barra da Lagoa para onde vai de vez em quando, os shows dos artistas que vêm para cá e a Trindade, que apesar da troca de apartamentos ao longo dos anos, não deixou de ser seu lar. 

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— Adoro o que faço e adoro minha vida aqui — diz Silvio com um sorriso no rosto. 

Silvio Sato é professor de Biologia em dois colégios de Florianópolis (Foto: Tiago Ghizoni, NSC Total)
Além de professor, Silvio é uma espécie de agitador cultural (Foto: Tiago Ghizoni, NSC Total)
Sílvio ama observar o Centro da cidade quando o movimento é intenso e também quando as ruas ficam vazias (Foto: Tiago Ghizoni, NSC Total)
Um dos lugares favoritos de Silvio em Florianópolis é a escadaria do Rosário (Foto: Tiago Ghizoni, NSC Total)

Mais de 22 mil paranaenses vivem em Florianópolis 

Silvio faz parte dos 22 mil paranaenses que moravam em Florianópolis quando os recenseadores do Instituto Brasileiiro de Geografia e Estatística (IBGE) bateram às portas de residências de Florianópolis atrás de informações para compor o Censo de 2010. 

Apesar de já ter as prévias do Censo de 2023, o IBGE ainda não diferenciou os dados de quantas pessoas de fora moram atualmente na capital catarinense. O que já foi divulgado é que a população cresceu. Conforme informações divulgadas até março, são 574.200 mil com DDD 48.  

Segundo o dado da Florianópolis de 12 anos atrás, a população de 421.240 habitantes era formada em sua maioria por catarinenses (293.262) e depois por quem veio de outros estados para cá. Gaúchos (53.476), paranaenses (22.363), paulistas (19.624), cariocas (7.988) e estrangeiros (4.622). 

Floripa 350 anos 

A história de Sílivo faz parte do projeto Floripa 350 anos, que celebra o aniversário da cidade. De março até dezembro serão contadas histórias sobre a cidade para celebrar a cultura, história e também sobre como Florianópolis cresceu ao longo dos anos. 

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Assista o vídeo sobre o aniversário de Florianópolis

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