São Paulo, final da década de 1930. Maria Auxiliadora, João, Vicente, Conceição e demais irmãs/os formam uma grande família de artistas negras/os que migram para a zona norte de São Paulo. Em meio aos desafios da cidade, a família Silva vai tecendo a sua história e exercendo o seu protagonismo junto a outras famílias que construíram a metrópole paulistana.

A proposta de encenação organiza-se em três eixos fundamentais que se tornaram os alicerces da produção estética e poética da Cia dOs Inventivos na feitura deste espetáculo. O primeiro deles foi reconstituir as memórias, mesmo que lacunares, da vida de Maria Auxiliadora da Silva e de sua família.  
 
O segundo eixo foi partir da multiplicidade de experiências artísticas do elenco (a dança, a música e as artes plásticas), e por último, buscam aproximar as artes plásticas ao universo do samba, linguagem muito presente na produção das(os) artistas da família Silva. Assim, esta proposta cênica tem por premissa alargar ainda mais o potencial de conexão entre corpos periféricos e territorialidades, reivindicando o nosso lugar de enunciação e protagonismo na edificação da cidade e na manutenção da vida no espaço urbano.  

O cenário do espetáculo parte de uma concepção onde o mobiliário e o entendimento do corpo como capital cultural apresentam-se diante de situações adversas: móveis que se amontoam e que se perdem com as inundações ou diante dos deslocamentos necessários em busca por melhores condições de vida.  

Cia dOs Inventivos

Em 2024, a companhia celebra 20 anos de caminhada em São Paulo (SP). Em sua história buscam trazer à cena o que a cidade tem de melhor: a diversidade cultural e o pensamento crítico de sua gente e a lembrança de que somos muitas(os) a lutar para que o teatro popular e o teatro de rua permaneçam potentes na metrópole. Ao percorrer por veredas artísticas as trajetórias da família Silva, a Cia dOs Inventivos experiencia um (re)encontro com a obra da artista plástica Maria Auxiliadora da Silva e suas(seus) irmãs(os), tecendo uma rede de afeto e complementaridade entre o teatro popular, a negritude e as artes visuais.