Ultrarunning
Ultramaratonista consegue marca inédita entre homens e mulheres
A coisa funciona assim: num instante você acha que já viu a Fernanda Maciel fazer de tudo. Em seguida, ela te oferece algo mais impressionante. A ultramaratonista mineira subiu e desceu correndo o Monte Vinson, na Antártida, e estabeleceu dois recordes: o de subida mais rápida (6h40min) e de tempo somando tanto subida quanto descida (9h41min). As. marcas foram homologadas pelas plataformas Skyrunning e Fastest Known Time.
Nunca antes uma pessoa havia feito a rota correndo. Normalmente, expedições no local levam de cinco a sete dias pra serem cumpridas. Mas o nome dela é Fernanda Maciel, né? A mulher que tem recordes na conquista do Aconcágua, na Argentina (6.962 m), e do Monte Kilimanjaro, na Tanzânia (5.895 m), o ponto mais alto da África. O Vinson é a terceira montanha que ela conquista, entre as sete que são o objeto de desejo dos ultramaratonistas de montanha, uma em cada continente.
Essa foi uma experiência de corrida bem louca e difícil
A façanha rolou no dia 24 de dezembro, enquanto sua ceia era preparada. O Monte Vinson fica a 1,2 mil quilômetros do polo Sul e Fernanda teve de enfrentar temperaturas entre -30 e -40ºC. O frio extremo e o ar rarefeito foram dois dos desafios que ela teve que encarar. “A Antártida é um ambiente de isolamento, uma experiência de corrida bem louca e difícil. Fiquei assustada com a temperatura", conta Fernanda, que teve congelamento nas pontas dos dedos das mãos. O local só deve voltar ao normal em dois meses.
Fernanda iniciou seu projeto de corrida às 11h30 no acampamento-base do Vinson, a 2.100 metros de altitude. Ela estava carregando toda a sua comida, água e roupas extras. Fazia -25ºC e era preciso cobrir todo o rosto e corpo. A primeira parte do percurso até o Acampamento Baixo tem 650m de desnível positivo e 9 quilômetros de distância. Quando Fernanda chegou lá, trocou o tênis de corrida pela bota de alpinismo e pegou o material de escalada. Em seguida, seguiu uma seção muito longa e íngreme de cordas fixas de 1,2 mil metros com declives de 45 e 55 graus até o Acampamento Alto a 3.770m de altitude.
A caminho do cume foram mais 7 quilômetros de subida e 1.120 metros de altitude com uma dificuldade de escalada D+, com 40 graus de declive. As temperaturas caíram para -35ºC. E Fernanda teve que consertar um crampon da bota (uma das travas da sola). Na última parte exposta da montanha, ela não apenas suportou o mal da altitude, mas também lutou para ver através dos óculos congelados. "Quando cheguei ao Acampamento Alto, um guarda me deu água quente e Ruffles e continuei avançando até o cume. Coloquei minhas luvas e goggles para proteger os olhos. Eles congelaram, mas consegui ver o caminho pro topo”, conta.
Seguindo as regras de segurança locais, Fernanda correu conectada por uma corda ao guia de montanha e corredor Sam Hennessey, e ainda aproveitou o grande feito para homenagear Hilaree Nelson, colega alpinista que morreu após sofrer uma queda durante expedição na montanha Manaslu, no Himalaia, em setembro de 2022. "Ele tem me dado força e inspiração", diz Fernanda.
+ Veja em Fernanda Maciel: Um Dia como ela subiu e desceu duas montanhas dos alpes em 24 horas
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