Retratos

Por Juliana Picanço, Redação Marie Claire — São Paulo

A sexualidade é uma parte fundamental da vida humana e permeia todas as esferas da sociedade. No entanto, quando falamos em sexualidade das pessoas com deficiência, existem uma série de preconceitos e estereótipos que giram em torno da temática.

Se falar sobre construção da sexualidade de forma saudável a partir da perspectiva de um corpo normativo já é difícil, pautar a sexualidade de pessoas com deficiência física é um desafio ainda maior. Isso porque, no imaginário social, existe a ideia errônea de que pessoas com deficiência não se relacionam sexualmente por serem frágeis, dependentes e não capazes de desfrutar de uma vida sexual saudável. A psicóloga e sexóloga PCD Priscilla Souza explica que foi a partir das suas experiências diante destes estigmas que decidiu se aprofundar mais sobre o assunto e ajudar outras pessoas que passam pela mesma coisa.

“Sempre tive muita facilidade em falar de sexo com as pessoas. Não tinha muita trava na língua. A minha sexualidade não foi fácil de lidar, porque eu tive que enfrentar todas essas barreiras que permeiam PCDs. Então sabia que teria que ter primeiro o meu desenvolvimento para depois trabalhar com essa área e ajudar os outros. Com o tempo, vi que podia ajudar muito mais gente, não só os deficientes, com a forma de enxergar essa temática”, conta a especialista, que explica que muito dos mitos e equívocos que giram em torno da sexualidade de pessoas com deficiência começam logo na infância.

“Por exemplo, naqueles encontros de amigos ou famílias, sempre têm aquelas brincadeirinhas de que fulano é namoradinho de ciclano, que de alguma forma estimula a ideia de que alguém pode gostar de você, se interessa por você. Quando é com alguém que tem deficiência, todo mundo morre de medo, principalmente a família, de criar essa expectativa e ela não ser preenchida. Então, a pessoa com deficiência vai sendo posta de lado nesse sentido. São coisas simples que não são estimuladas e, mesmo que seja brincadeira, vão construindo a autoestima da criança”, explica.

Mesmo que existam algumas limitações e particularidades, é preciso desmistificar o pensamento de que pessoas com deficiência física são assexuais, já que a libido, o desejo e a sexualidade não são alterados. Priscilla ressalta que esta última vai muito além do ato sexual e que falar do assunto já é um tabu por si só.

“É um grande trabalho, mesmo com toda a evolução, liberdade e preocupação com os preconceitos que existem atualmente. A sexualidade não é só relação sexual, é um termo muito mais amplo que isso. É falar de autoestima, autoimagem, autoconfiança, se reconhecer no mundo, fazer parte de um grupo, gostar de você para você, ser uma pessoa produtiva. Por isso, a sexualidade das pessoas é de extrema relevância para a vida delas”, diz a especialista.

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“Quando falamos de sexualidade do deficiente, o tabu fica imenso, principalmente porque as pessoas têm o estigma de que é uma pessoa que precisa de cuidados, não é capaz de se sustentar sozinho e de fazer as coisas por ele mesmo. Claro que existem limitações, mas isso não quer dizer que eles não sejam capazes de fazer muitas coisas”, complementa.

“Os olhares são muito doloridos para quem ainda não está acostumado, porque as pessoas julgam você com o olhar. São coisas claras mesmo, elas olham para você em um barzinho, em um restaurante. Hoje em dia, eles já não me incomodam. Eu tiro sarro e às vezes deixo as pessoas sem graça, porque agora já não estou mais nem aí. Mas o impacto disso para uma pessoa que não tem uma boa autoestima é muito grande”.

A psicóloga também reforça que a troca de informações e uma boa comunicação são muito importantes. No entanto, pelo fato do assunto não ser muito debatido, é importante que mais pessoas falem do tema sem medo dos preconceitos. “Você não se informa quando não tem onde buscar, não tem como discutir, não tem como convencer. A gente precisa de mais pessoas corajosas para falar dessas coisas, não para parecer um herói, mas mostrar que é algo da vida normal, que qualquer um pode”, afirma.

A especialista fala da importância de ser transparente com o parceiro, não só para evitar constrangimentos e receios, mas garantir boas experiências para ambos, entendendo o que pode limitar a relação e tendo transparência com esses pontos, criando estratégias que sugerem conforto e segurança para a pessoa com deficiência.

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“A comunicação é fundamental, é importante ter a liberdade de falar para o outro sobre como você se sente. As pessoas não precisam ficar preocupadas ao se relacionarem com alguém com deficiência, elas podem perguntar, porque a gente que está na situação sabe o que incomoda ou não”, finaliza.

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