A nudez extinta

Disponibilidade: Brasil

Algo desmorona silenciosamente. A escrita de Isabela Sancho desafia as forças de esmagamento, se fazendo guiar pela pulsação invisível, cravando as unhas na superfície densa até perfurá-la com estados de paixão e fúria. Com a alma impregnada de um desejo feroz de alçar voo, dilata os limites criando atravessamentos e deslumbramentos. O avesso da ruína emerge expandido e nos fascina por ser queda propulsora. Os contos aqui reunidos revelam a intensidade e a beleza do que permanece altivo e sobrevive ao colapso.

Karina Tengan

R$45,00

_sobre este livro

Os contos desta coletânea balançam ramagens alvissareiras, que nos convidam a uma perda dócil na ondulação de suas copas. Uma mulher esfrega a xícara com o lado macio da esponja. Uma criança observa os gansos ou se entedia no banco da igreja. Então, com um silvo, a paisagem é cortada por uma jaca em queda.
As crianças se põem a correr, sacudindo carrapichos e estátuas da barra de suas calças. Os pequizeiros se rasgam nas lanças do portão. A noite se abre no elevador panorâmico e a ascensorista insiste: não vai entrar? A narrativa é inundada por uma poética apurada, demarcando o momento em que o retorno ao estado anterior não é mais possível. A casca rachada da jaca revela a carne exposta, o desarranjo próprio do trauma.
Isabela Sancho suspende essa dobra da experiência. Os personagens hesitam e encaram a fissura: a violência sofrida, a relação perdida, a excitação, o desconhecido. Flagramos seus olhos procurando boias ou absolutamente rendidos. Assim como acompanhamos os gestos de uma resistência serena, capaz de guardar o desejo em uma maleta de pintura no armário.
E esta é uma das grandes belezas deste livro: da compreensão de que algo da existência agora está invariavelmente ligado a estes acontecimentos, e da consciência de que alguns deles propõem problemas insolúveis e constitutivos, se empreende uma investigação literária dos arranjos possíveis.
Como quem azeita as mãos e as mergulha nos gomos da jaca partida, salgando ou preservando o doce, e, quem sabe, encontra modos de colá-los com o leite que escorreu da própria fruta.

DRIELLE ALARCON

_outras informações

isbn: 978-65-5900-402-7
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 13x19cm
páginas: 116 páginas
papel polén 90g
ano de edição: 2022
edição: 1ª

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