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Boletim de Garimpo trimestral
(Julho - Setembro 2024)
O Avanço do Garimpo nas Terras Indígenas:
Desde 2021, o Greenpeace monitora o avanço do garimpo ilegal nas Terras Indígenas como Kayapó, Munduruku, e Yanomami, que, juntas, representavam 10% do garimpo na Amazônia. Recentemente, a Terra Indígena Sararé registrou um aumento expressivo dessa atividade, resultando em sua inclusão no monitoramento trimestral da organização.
Agora, com o acréscimo dessa nova área, as quatro Terras Indígenas monitoradas totalizam uma área impactada de 27.250 hectares, respondendo por 11% da atividade garimpeira em todo o Bioma Amazônico.
Informações obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) revelam que treze operações conjuntas da polícia judiciária, IBAMA e FUNAI já ocorreram nas quatro Terras Indígenas monitoradas em combate ao garimpo ilegal. No entanto, os Territórios Protegidos continuam sofrendo com o avanço de novas áreas de garimpo, entre julho a setembro as quatro TIs registraram 505,02 ha desmatados para a atividade garimpeira, o que equivale a 707 campos de futebol.
Enquanto no monitoramento anterior pequenas novas áreas estavam sendo abertas próximos a garimpos já estabelecidos, com o objetivo de driblar a detecção de imagens de satélite e a fiscalização, neste trimestre identificamos a abertura de novas fronteiras de garimpo dentro dos territórios Kayapó e Yanomami.
Enquanto no monitoramento anterior pequenas novas áreas estavam sendo abertas em garimpos já estabelecidos, com o objetivo de driblar a detecção de imagens de satélite e a fiscalização, neste trimestre identificamos a abertura de novas fronteiras de garimpo nas Terras Indígenas Kayapó e Yanomami.
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Kayapó
A TI Kayapó registrou três tristes recordes no trimestre: o de maior concentração de garimpo, novas áreas desmatadas para a atividade garimpeira, e a mais impactada por incêndios florestais em 2024. Foram 315 novos desmatados, o que equivale a aproximadamente a 2x o tamanho do Parque Ibirapuera. Em comparação ao mesmo período do ano passado, houve um aumento de 35% de novas áreas. Vale lembrar que a área de garimpo dentro da T.I já ocupa um total de 15.982.
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Kayapó
De acordo com os dados do LASA / UFRJ a Terra Indígena teve 20% do seu território impactado por incêndios florestais. Uma análise divulgada pelo Greenpeace Brasil em setembro/2024 mostrou que parte das queimadas estavam próximas às áreas de garimpos e as novas frentes de exploração. Especializamos as coordenadas de 30 escavadeiras apreendidas na Operação Xapiri Tuiré, realizada em setembro contra o garimpo e as queimadas ilegais na TI. Destas, pelo menos 28 estavam localizadas em áreas de expansão e com registros de focos de calor.
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Sararé
Na Terra Indígena Sararé a área total de garimpo já acumula 1.863,78 ha sendo que 106,98 foram registrados entre agosto e setembro de 2024 sendo que em agosto, pequenos garimpos foram abertos, totalizando 28,98 hectares, e, em setembro, novas áreas de garimpo somaram mais 78 hectares. A expansão está acontecendo principalmente em garimpos já estabelecidos no sul da T.I.
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Sararé
Em agosto de 2024, o Greenpeace realizou um sobrevoo na TI e flagrou diversas escavadeiras operando nos garimpos clandestinos, além de focos de incêndios e muita fumaça. No mês seguinte a situação piorou, a TI também registrou um episódio dramático de incêndios florestais onde 76% da área foi afetada pelo fogo que na maior parte foi provocado intencionalmente por invasores para facilitar a abertura de novas áreas de garimpo.
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Sararé
O mês de setembro foi marcado por uma série de acontecimentos violentos, incluindo uma chacina e intensos conflitos entre garimpeiros e agentes da PRF e do IBAMA. Lideranças indígenas da TI Sararé relataram que mais de 10 indígenas estão sob ameaça de morte, agravando ainda mais o cenário de tensão na região.
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Munduruku
No geral a TI tem uma área de 7.145 hectares de garimpo acumulado. Sendo, 11 ha registrados em julho, apenas 2,87 em agosto e 17,89 identificado em setembro. Das quatros Terras Indígenas do monitoramento, a TI Munduruku foi a que registrou o menor número de novas áreas de garimpo. Foram registradas 32,51 novas áreas de garimpo. No entanto, houve um aumento de 34,7% em comparação com o mesmo período do ano passado.
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Munduruku
O território também enfrentou impactos consideráveis, com 3% da área afetada pelas queimadas e também pela estiagem, que agravaram a crise alimentar e a escassez de água potável. Em agosto, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) classificou a situação da TI em condição de seca severa . A TI está entre as 45 Terras Indígenas afetadas pela estiagem. Dados da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) revelam que 42 territórios e 3 mil domicílios indígenas foram afetados pela seca, incluindo 15 povos originários, entre eles um grupo isolado.
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Yanomami
A área total de garimpo na T.I Yanomami é de 4.123 ha, com 50 ha registrados entre os meses de julho a setembro deste ano. No mês de julho foram registrados 23,47 novas áreas de garimpo, em agosto houve uma redução para apenas 9 ha, mas em setembro o valor subiu para 17, 28 de novos desmatamentos para a atividade garimpeira. Em comparação ao mesmo período do ano passado, houve um aumento de 32% na abertura de novas áreas de garimpo.
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Yanomami
As imagens de satélite revelam que a nova fronteira de garimpo no sul do território, denunciada pelo Greenpeace no início do ano, se expandiu. E novas fronteiras também foram identificadas nos atributos do rio Mafi, também localizado no sul da TI.
A devastação causada pelo garimpo ilegal é uma tragédia que ameaça não apenas as Terras Indígenas, mas todo o equilíbrio ecológico da Amazônia e os povos que dela dependem. Não podemos permitir que essa destruição continue impune, alimentada pela ganância de alguns poucos e pela falta de fiscalização efetiva.
Mais de 195 mil pessoas já se uniram à campanha ‘Amazônia Livre de Garimpo’, mostrando que a luta pela preservação da Amazônia é coletiva e urgente. Junte-se a nós e faça parte dessa mobilização em defesa das florestas e dos povos indígenas. Assine a nossa petição Amazônia Livre de Garimpo e fortaleça essa causa.
Metodologia
O mapeamento dos garimpos em Terras Indígenas é realizado por meio de alertas gerados por radar e sensores ópticos, utilizando os sistemas GLAD e RADD na ferramenta interna do Greenpeace, chamada 'Papa Alpha'. A acurácia dos alertas para garimpo é confirmada através das imagens de satélite dos sistemas Planet Lab e Sentinel-2
Esta pesquisa utilizou dados do sistema Alarms - Lasa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, dados das operações foram obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI), BDE Queimadas INPE e MAPBIOMAS.