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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°77 - NOVEMBRO DE 2003

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Marine Box

Em cinco anos representando o setor madeireiro no mercado externo, com absoluto sucesso, a Marine Box – maior agência exportadora de madeira tropical do país - tem apresentado um ritmo acelerado de crescimento, impulsionado pelas parcerias que mantém com empresas fornecedoras de matéria-prima de alta qualidade, que destinam seus produtos ao mercado chinês. O volume de containers de S4S exportados mensalmente para a China comprova o sucesso destas parcerias, e a credibilidade da Marine Box no exterior.

A agência, que até muito pouco tempo direcionava suas ações ao agenciamento e à qualificação dos fornecedores, orientando-os sobre como apresentar um produto de qualidade, competitivo e com grande rentabilidade, começou a incentivar novos investimentos de seus fornecedores. Esta iniciativa partiu da convicção da Marine Box no crescimento da demanda do mercado chinês, que hoje mantém um volume de pedidos acima da capacidade de produção nacional. “À medida que o consumo de produtos brasileiros de madeira tropical cresce de forma acelerada e segura na China, percebe-se que a oferta da indústria brasileira não acompanha essa demanda”, declara Luiz Renato Durski Júnior, diretor da Marine Box.

A confiança nos produtos oferecidos pela Marine Box no exterior está ligado a sua forma de atuação. A transparência nas negociações com seus fornecedores, não abrindo mão de produtos de boa qualidade, garantiu a continuidade das exportações. “Temos certeza que, somente com este critério de inspeção de qualidade bem definido, fortalecemos o nome dos nossos fornecedores no exterior e, conseqüentemente, a satisfação do comprador”, afirma Giovani Miguel, diretor da Marine Box. Ele diz ainda que muitas vezes foi questionado sobre o motivo de outros agentes aceitarem madeiras com padrão inferior para exportação. “Hoje entendo o que ocorre. Em minha última visita à China pude constatar que muitos compradores que aceitavam produtos de qualidade questionável desapareceram do mercado. É o que poderá acontecer com muitas agências compradoras de madeiras no Brasil que não possuem um critério definido de inspeção de qualidade”, diz. Giovani acrescenta que no mesmo ritmo em que estas empresas desaparecem a Marine Box e a Anxin crescem, o que comprova que a transparência e a credibilidade são imprescindíveis para o crescimento e o sucesso de qualquer empresa. “O mercado chinês é muito exigente e, provavelmente, não haverá espaço para as empresas que não se comprometam com a qualidade dos produtos ofertados”, complementa Ulysses Sanches, diretor da Marine Box.

Para aumentar a oferta de produtos para a China, também foi fundamental a boa relação comercial mantida com a Anxin Floring, o maior comprador de madeiras tropicais do mercado asiático que, juntamente com fornecedores brasileiros e a Marine Box, viabilizaram recursos para aumentar a oferta de madeira àquele país. A união entre o maior importador de madeira tropical da China, fornecedores brasileiros e a Marine Box resultou em um empreendimento de grande porte. É a AXN, inaugurada em maio deste ano, com capacidade de produção de S4S acima de 70 containers por mês.



“Tínhamos que ser coerentes com o que falávamos para nossos fornecedores. Com a inauguração da AXN, comprovamos o quanto acreditamos na solidez e no potencial deste mercado”, declara Giselda Ditzel Durski, diretora da Marine Box. “A Marine Box sempre incentivou novos investimentos por parte de seus fornecedores”. Complementa Luiz Renato Durski Junior.

A confiança depositada por um cliente chinês neste novo empreendimento, aponta para um cenário bastante promissor, onde os exportadores brasileiros encontrarão uma alternativa viável em um mercado seguro, com grande potencial de consumo para os negócios brasileiros. Isso gera a segurança que os empresários precisam e a garantia de que haverá compradores para sua produção, por tempo indeterminado.





Mercado chinês

O consumo na China aumenta em ritmo acelerado e os investimentos feitos pela população, principalmente na construção civil, são significativos. O aquecimento do mercado imobiliário, além da construção e reforma de residências, para uma população superior a um bilhão de habitantes, mostra o potencial de consumo dos chineses e o quanto é possível aumentar os índices de exportação de madeira. Esta perspectiva indica que, nos próximos dez anos, o Brasil deverá ser o principal fornecedor de madeira para a China, não só pelo aumento do consumo da população, como também pela escassez de produtos originários de florestas tropicais de países da Ásia e da áfrica. Estas nações já apresentam sinais de exaustão, pois derrubaram deliberadamente suas florestas, e suas reservas são infinitamente inferiores às do Brasil e boa parte da América do Sul.





“Das florestas provém a nossa fonte de trabalho. Para nós representam a vida e a continuidade de tudo o que construímos até agora. Mais do que a aquisição de bens materiais, sabemos do nosso compromisso e responsabilidade com a preservação das matas, pois é dela também que provém a nossa fonte de vida. Portanto, a floresta é e sempre será nossa maior preocupação”.

Luiz Renato Durski Junior

“Definitivamente me preocupo com a situação ecológica do meu país, e acredito que é assim que deve agir todo madeireiro”, afirma Luiz Renato Durski Júnior, diretor da Marine Box. Ele acrescenta que não basta a preocupação com o meio ambiente e sim uma participação ativa para preservá-lo.“Precisamos cuidar cada vez mais de nossas florestas, rios e ar e impedir que abusos ocorram. Mas há um grande equívoco quando se diz que madeireiro destrói a floresta, ao contrário, ele contribui para que a reciclagem ocorra de forma mais acelerada”. A afirmação do diretor da empresa está baseada no seguinte raciocínio: à medida em que se derruba uma árvore adulta e frondosa, abrem-se espaços para as árvores filhotes, que não puderam crescer por falta de oxigênio e raios solares. Livres, elas adquirem massa e crescem, contribuindo para o mecanismo de desenvolvimento limpo. Num futuro muito próximo, menos de trinta anos, elas estarão na fase adulta e em ponto de corte. “Desse modo não agredimos o ecossistema, não precisamos pagar os altos custos com reflorestamentos e a fauna e a flora continuam seu processo de vida normal”, declara o diretor. Ele salienta que “um madeireiro pode ser também um ecologista e que a salvação da Amazônia está em nossas mãos”.

Plano de manejo – Uma das grandes preocupações do setor está no plano de manejo, ou seja, na responsabilidade em extrair a matéria-prima e manter a floresta viva. “Com plano de manejo e pessoal treinado para trabalhar, manteremos a mata respirando por toda a eternidade. É imprescindível, porém, que se conheçam os seus limites”, afirma Júnior. A alternativa é ampliar a oferta de variedades no exterior para que não se corra o risco de extinguir as espécies com maior demanda. A Marine Box foi pioneira em oferecer novas espécies ao mercado chinês, e sempre com êxito. Hoje, mais de 15 novas espécies são comercializadas somente para o mercado asiático.

Um dos grandes problemas detectados está exatamente onde entra o fazendeiro, que ateia fogo para ampliar suas pastagens, comprometendo toda a vida selvagem. A atividade madeireira hoje, sem lobby político, acaba pagando o preço da destruição da Amazônia, infelizmente. E o que é pior, os fazendeiros continuam devastando, amparados por leis antigas que os protegem. O estado continua omisso e não coíbe esta ação. O gráfico abaixo comprova a teoria de Durski de que o madeireiro é a salvação da Amazônia.

Leis ambientais não prejudicam quem trabalha legalmente

É preciso ter consciência de que não são as leis ambientais que impedem os madeireiros de dar continuidade às suas atividades. Órgãos fiscalizadores como Ibama, Polícia Ambiental e Federal e Receita Federal poderiam até atuar com mais rigor e contundência na verificação da procedência dos produtos. “Isso eliminaria a picaretagem e faria uma reciclagem no setor, permanecendo em atividade apenas os empresários que respeitam o processo legal de extração da madeira. A Marine Box trabalha somente com fornecedores, cujos produtos são provenientes de manejos florestais sustentados, pois temos a certeza de que a floresta Amazônica, bem manejada, dará frutos para sempre”, afirma Junior. O empresário acrescenta que a responsabilidade de preservar as florestas não pode ser atribuída apenas ao governo ou aos madeireiros. “É preciso que haja união de todos os que vivem da floresta para mostrar à sociedade quem é realmente o verdadeiro destruidor, a quem interessa a destruição e o que fazer para que isso deixe de acontecer”, diz. Para ele o maior problema está em áreas que são destruídas para plantio, a maioria de soja, e para a criação de gado.”Não que sejamos contra a pecuária, longe disso. Mas, certamente, o lugar de pastagens não é na floresta Amazônica, talvez o cerrado seja um bom lugar para esta atividade. Como madeireiros que somos, é nossa obrigação preservar esta riqueza incomensurável que é a Amazônia”, ressalta Junior.

NOVAS ESPÉCIES

Para Valdir Capelasso, empresário madeireiro de Rondônia e fornecedor da Marine Box, está claro que é preciso investir o mais rápido possível na oferta de espécies ainda desconhecidas, não só para a China, mas para outros países da Europa, Estados Unidos e Oriente Médio. “Os chineses preferem madeira dura, mesmo assim podemos oferecer-lhes mais opções, como Muiracatiara, Massaranduba, Angelim Pedra, Favero, Cabreúva, Marupá, Caroba, Goiabão, Cedro e outras, que apresentam ótima performance na trabalhabilidade e no comportamento de secagem e usinagem. O mercado interno já está acostumado com essas espécies e algumas delas já são comercializadas para a Europa e Estados Unidos”, afirma Capelasso. Ele diz ainda que, para os chineses, madeiras como Oiticica Amarela, Oiticica Vermelha, Cedro Mara e Angelim Manteiga possuem as melhores fibras apresentadas em madeira da Amazônia e um comportamento mecânico invejável, além de serem abundante nas florestas da Rondônia. “Se houver comércio para estas espécies e persistir o atual ritmo de exportações de produtos madeiráveis, teremos sustentabilidade garantida para os próximos 50 anos”, completa o empresário.

Mais de 50% das florestas existentes no estado de Rondônia estão protegidas por leis de proteção permanente, que poderão contribuir num futuro muito próximo para o aumento das exportações. Atualmente, o número de florestas exploradas que adotaram planos de manejo em Rondônia está estimado em menos de 30%.

Atuando há 42 anos no setor madeireiro, o diretor da madeireira AJS, Atanásio José Schneider, com unidades no Rio Grande do Sul, Rondônia e Mato Grosso, inaugurou um novo empreendimento, a indústria Tupinambá, também no estado do Mato Grosso. O empresário fortalece sua presença no mercado externo, principalmente Europa e Estados Unidos, onde atua há sete anos. Os negócios com o mercado chinês começaram há quatro anos, por meio da Marine Box. De acordo com Schneider, aumentando as exportações e divulgando uma multiplicidade de espécies no exterior, se estará criando condições de agregar valor aos produtos da madeira que possui maior destaque comercial - espécies já conhecidas. “Os consumidores estrangeiros querem produtos de qualidade e com preços melhores. Isso é rotina em todos os países do mundo, principalmente na China e Europa”, diz Schneider.

Schneider afirma que o mercado internacional é muito exigente, mas assegura que mesmo com o protecionismo é possível exportar os produtos semiacabados, fugindo das tarifas dos produtos manufaturados que sofrem adicionais de 35 ou 40%, otimizando o uso da matéria-prima e proporcionando a geração de muitos empregos no Brasil. “Grupos mais fortes incorporam tecnologia à sua produção em busca de mercados mais confiáveis, mas por ocorrer de forma isolada provoca uma dissonância no pretenso discurso de unicidade da categoria”, avalia o empresário. Para Schneider, uma prova disso é que não temos ainda hoje um plano nacional de florestas devidamente definido, o que tem gerado polêmica cada vez que se transporta uma carga de madeira para qualquer parte do país. E questiona: “para desenvolver tecnologia precisamos de informação, mas onde buscá-la? Como garantir ao mundo e a nós mesmos que nossos produtos são confiáveis? Existe um órgão capaz de controlar o que se está fazendo com as florestas que estão sendo mapeadas para planos de manejo, e se os donos de florestas fazem o manejo de forma adequada? Quem fiscaliza? Quem controla?”

Este pensamento é compartilhado por muitos empresários do ramo, que também consideram a exploração de florestas com manejo sustentável mais rentável. Para Schneider é preciso, porém, que haja determinação para que isso ocorra. “Devido à cultura que adquirimos nestes anos de extrativistas, se não houver reciclagem dos empresários por meio de parcerias com entidades não haverá solução a curto prazo”, adverte. “O laboratório desenvolvido pela AXN é o início de um trabalho que todos os empresários deveriam adotar. Isso ainda não é possível, mas eles tiveram a audácia de dar o primeiro grande passo. Este é o futuro”, comenta. Outro ponto importante destacado pelo diretor da AJS é fazer uma avaliação das empresas que manejam florestas, permitindo garantia de permanência da atividade por muitos anos. “Só assim o país terá respostas claras de que vale a pena investir neste setor lucrativo, gerador de divisas, renda e empregos”, conclui.