Por André Souza, G1 MT


Grupo encapuzado invadiu a área rural em Colniza na quinta-feira (20) e atirou contra famílias; nove pessoas morreram — Foto: Ciopaer/Divulgação

O município de Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, onde nove trabalhadores foram mortos durante um ataque por disputa de terra em uma área rural na quarta-feira (19), já foi considerado o mais violento do país em 2007, segundo levantamento do Mapa da Violência. Nesta segunda-feira (24), o Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi encaminhado ao município onde aconteceram os crimes para reforçar a segurança.

Na quarta-feira, um grupo de homens armados invadiu uma área conhecida como Taquaruçu do Norte e assassinou nove trabalhadores rurais. Os corpos das vítimas tinham sinais de tortura. A principal suspeita é de que fazendeiros tenham encomendado os assassinatos. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o local do crime é um assentamento rural. O governo não confirma a informação.

Em 2007, de acordo com o estudo, a taxa de homicídios em Colniza foi de 165,3 casos a cada 100 mil habitantes. Juruena, a 893 km de Cuiabá, ocupou a segunda colocação com uma média de 137,8 casos a cada 100 mil habitantes. O município com menor índice teve 29,8 casos. Naquele ano, Mato Grosso teve 44 municípios incluídos na lista.

Outros dois municípios de Mato Grosso que apareceram no ranking dos mais violentos do país foram José do Xingu (5ª lugar) e Aripuanã (8ª posição), tiveram uma média de 109,6 casos e 98,2 registros, respectivamente.

Também em 2007, ainda conforme o estudo, Colniza foi o município do Brasil que mais registrou mortes por arma de fogo. A média naquele ano foi de 131,6 casos a cada 100 mil habitantes.

O Mapa da Violência é um estudo coordenado pelo professor e sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de pesquisa do Instituto Sangari e coordenador da Área de Estudos sobre Violência da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO).

Chacina em Colniza
A polícia investiga os assassinatos na área rural de Colniza e suspeita que quatro pessoas tenham cometido os crimes.

As vítimas são Sebastião Ferreira de Souza, de 57 anos, Izaul Brito dos Santos, de 50 anos, Ezequias Santos de Oliveira, 26, Samuel Antônio da Cunha, 23, Francisco Chaves da Silva, 56, Aldo Aparecido Carlini, 50, Edson Alves Antunes, 32, Valmir Rangeu do Nascimento, 55, e Fábio Rodrigues dos Santos, 37.

Peritos trabalharam em um salão improvisado para identificar e liberar os corpos das vítimas — Foto: TVCA/Reprodução

Segundo a perícia oficial, os corpos tinham sinais de tortura - algumas das vítimas foram amarradas e, outras, decapitadas. De acordo com a Polícia Civil, pelo menos dois trabalhadores foram assassinados a golpes de facão e, o restante, por tiros de espingarda calibre 12.

O vilarejo em Taquaruçu do Norte, onde aconteceu a chacina, está praticamente vazio e o clima é de medo. Famílias inteiras fugiram temendo a volta dos criminosos.

Nesta segunda-feira (24), o secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas, viajou para Colniza na companhia dos secretários de Assistência e Trabalho, Max Russi, Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários, Sulme Evangelista e da Casa Militar, Evandro Ferraz Lesco.

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