Campanha não financiada
Finalizada em 04/10/2022
Livro Boa Chuva de Ana Pedrosa
Livro Boa Chuva de Ana Pedrosa
Edição e publicação do livro Boa Chuva de Ana Pedrosa | Toma Aí Um Poema
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As 30 primeiras pessoas que adquirirem o livro ganharão como brinde um print de um poema visual da autora, assinado e numerado.

O Livro


Boa chuva é meu primeiro livro lançado via editora, representando uma importância diferente na minha trajetória artística. É um livro de poemas no seu campo expandido, em cruzo com as visualidades, uma característica da minha poética. Os poemas foram tecidos junto do meu universo de experiências afetivas, espirituais, filosóficas e políticas, que atravessa uma trajetória de vida marcada pelas sabedorias da terra, atravessa o que hoje é meu campo de pesquisa e o fato de eu ser yawô - iniciada nos cosmossentidos do Candomblé.


O livro se compõe de quatro partes: nascente, pororoca, lamaçal e cabaça. Narra o trânsito simbólico das tessituras da minha vida, desde as águas doces da mata úmida interiorana de Conceição do Formoso – nascente que me pariu -,à pororoca como um movimento do encontro subjetivo entre rio e mar. O lamaçal sendo um portal ancestral para onde o mar me trouxe e a cabaça como um retorno ao útero-terra, tronco ancestral que me fez brotar existência poética. 

Esse é um livro-água, que celebra minhas avós, minha mãe e minhas irmãs, que celebra a vodun Nanã como ventre primeiro, que celebra as continuidades ânimas e o que há de comum habitando nosso sensível - as correntezas que lavam e banham nossas histórias e memórias. 


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A Autora


Sou artista visual, poeta e pesquisadora antimanicomial. Nasci sob a constelação de peixes, no povoado de Conceição do Formoso - Zona da Mata de Minas Gerais e me radiquei em Salvador - Bahia, onde ampliei minha geografia íntima e vegetação interna. Sou iniciada no Jeje Savalu, filha de Nanã e Oxóssi. Me graduei em Artes Plásticas pela Escola Guignard (UEMG), mestra em Linguagens pelo PPGEL (UNEB) e doutoranda em Literatura e Cultura pelo PPGLitCult (UFBA). Desde 2008 atuo nos cruzos entre poesia e pintura, palavra e visualidades, com exposições individuais e coletivas. Sou autora dos livros “Semear”, “Tratado da Gravura”, “Uma primavera” e “O boi abatido” - os dois últimos assinados por meu heterônimo Manuel Lua-Cheia. Lancei ainda 6 publicações de poesia de forma independente: “Terra”, “Pinturas”, “Estrada sou eu”, “Vertigem-Linguagem”, “É o mar” e “A Bahia é um lugar dentro de mim”. Participei das antologias “Ser mulher arte” (2020) e “Mulheres das águas” (2021). Em 2022 fui contemplada pela 4ª Edição do Programa de Bolsas Artísticas da Incubadora DAO, para escritores. Minha poética se compõe de elementos, gestos, narrativas e cosmossentidos ancestrais, próprios dos saberes que construíram/constróem minha trajetória e subjetividade, e que entendo como um campo político imagético que atua nas agências de vidas. 

Comentários

Eu poderia começar escrevendo que o trabalho de Ana Pedrosa é forjado na leveza. Ainda que a impressão primeira seja essa, a produção da artista, porém, é uma experiência pesada.


Não o peso relativo ao fardo, à sobra ou ao exagero. Mas o peso de mil eras de sabedoria predecessora que calhou de assentar nos gestos e na palavra desta profusa poetisa, pesquisadora e artista plástica - para estacionar em apenas três dos ofícios de sua farta coleção.


Assim, sendo Ana (ela própria, mas, sobretudo, seu trabalho de griot) uma síntese moderna e producente que mixa em medidas equivalentes as heranças e o presente, não seria deslumbre ou vão encantamento tomar seu trabalho como um farol bussolar, um retrato dinâmico e vivo do nosso tempo, uma flecha de ponta encarnada que rasga o vento na direção do espírito.


Os escritos de Ana são como conselhos. Não aqueles que alertam ou educam com candura. Embora musicais e elegantes como o calor ameno do começo da manhã, seus poemas são mesmo sol a pino. Luz intensa que ferve as sinapses e as retinas de quem enxerga através dos óculos da ancestralidade.


Certeira como a seta de Oxóssi e cálida como a sabença de Nanã, a poesia de Ana é esse pirão grosso e nutritivo de encantamento e axioma. Sua palavra é semente do mais frondoso baobá. Que rompe o chão e os elementos pra frutificar na eternidade.

— Rafael Vilanova . Músico, compositor e pesquisador.

 

Alguns Poemas do Livro


OMÍ * 

meu peito é um cacto arriscoso  

sobrevive espinho  

se guarda curativa água  

silencia  

* omí: água nas línguas convencionadas no brasil como famílias yorubá e fon (utilizo as palavras dessas  famílias linguísticas ao longo do livro, adaptadas ao locus gráficos-orais brasileiros)

MUNGUZÁ 

milho branco de molho 

1 dia  

lavo  

escorro  

água  

fogo  

cozimento  

coco quebrado  

batido  

leite  

cravo  

canela  

doce  

fervo  

najé  

suspendo  

hálito  

ofó * 

mãos abertas  

olhos fechados  

digo o seu nome  

salubá ** 

broto {como grão} 

canto  

reverencio 

adubar *** 

significo -  

alimento pra cabeça  

é texto


* ofó: hálito, adaptado do vocabulário yorubá e fon. 

** salubá: saudação à vodun nanã.  

*** adubar: ato de curvar-se até o chão saudando ao mais velho, àquele que se respeita. 

MERCADO 

lá fora estamos quebrando as paredes  

que nunca sustentaram nada 

aqui dentro me guardo  

em inconstante construção

no escuro do silêncio 


afago o peito afogado  

pelas amargas cuspidas do dia 

é preciso adormecer a saliva  

pra engolir a manhã  


se trata de uma obra inacabada  

que não serve a ninguém 

como o estado de coisas que colecionamos  na vida lá de fora da janela  


faz sol  

e não poderíamos continuar  

sem ele 

é preciso guardar a saliva  

pra digerir a manhã


O Toma Aí Um Poema


O Toma Aí Um Poema é um projeto potente de leitura e divulgação de poesia lusófona. Começou em 2020 como podcast, depois virou revista literária interativa e hoje é uma editora preocupada com a emancipação dos autores. É considerado um dos projetos literários mais inovadores da atualidade e soma resultados incríveis:


850+ autores declamados.   |   1k+ poetas publicados.    | 70+ mil ouvintes


*


Orçamento - 36 exemplares (1440 Reais)


Impressão Gráfica | 300,00

Material de envio e frete | 250,00

Serviços Editoriais | 850,00

Margem de segurança | 40,00


[+7% Benfeitoria]


Superação da Meta: todo o valor líquido arrecadado que supere os gastos da publicação será repassado para o autor.


Contato

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