Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022

MAS CAUTELA É A PALAVRA DE ORDEM Especial Os negros pedem passagem e a diversidade avança nas agendas empresariais Pesquisa Mega Brasil A caminho dos R$ 4 bilhões, agências crescem 13,9%em 2021 O melhor momento da história 2022 E mais Concorrências desafiam o bom senso e o humor do mercado Conteúdos proprietários conquistam espaço e investimentos Premiações de PR e comunicação motivam e geram negócios Quem é quem no mercado de mailing de imprensa As mulheres dão o tom e ditam régua e compasso na comunicação

O Programa Global de Qualidade da Edelman monitora e avalia relacionamento, performance e impacto, por meio de um detalhado questionário encaminhado a todos clientes semestralmente. Proatividade, competência e confiança foram as palavras mais usadas para nos descrever. O nome disso é parceria de qualidade. 94% 8,6 Qualidade que se traduz em reconhecimentos: *Dados referentes a julho de 2021 a fevereiro de 2022. dos clientes nos deram notas de 8 a 10 foi nossa nota média contato@edelman.com | edelman.com.br EDELMAN BRASIL: 94% DE SATISFAÇÃO ENTRE OS CLIENTES

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Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 2 SUMÁRIO PORTFÓLIO O Anuário da Comunicação Corporativa 2022 é uma publicação da Mega Brasil Comunicação dirigida aos segmentos profissionais da comunicação corporativa, jornalismo, propaganda, marketing, compras, recursos humanos e demais áreas usuárias de serviços de relações públicas/comunicação corporativa. Sua circulação é dirigida a empresas e instituições públicas e privadas, organizações não governamentais, agências de comunicação, de publicidade e de marketing digital, áreas de comunicação dos órgãos públicos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário nas esferas municipais, estaduais e federal e redações jornalísticas. Publisher e Editor Executivo: Eduardo Ribeiro; Diretor-Geral: Marco Rossi; Diretora Comercial: Célia Radzvilaviez; Repórteres Contribuintes: Ceila Santos, Cristina Vaz de Carvalho, Dario Palhares, Fernando Soares, Luís Alberto Alves (Caju), Martha Funke e Vanderlei Campos; Articulistas: Carlos Parente e Renato Delmanto; Revisão: Wilson Baroncelli; Diretor de Arte e Designer: Nilson Santos (Ponto & Letra); Imagens de pessoas: arquivos pessoais: Imagens ilustrativas: AdobeStock e Freepik; Coordenador de Análises Econômicas: Maurício Bandeira (Instituto Corda – Rede de Projetos e Pesquisas): Webmaster: Talles Y. Gusmão; Secretaria: Bruna Valim; Apoio: Clara Francisco. Mega Brasil Comunicação | www.megabrasil.com.br - Diretores: Eduardo Ribeiro, Marco Rossi; Diretora Administrativa e Comercial: Célia Radzvilaviez. Eventos: Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas; Arena da Inovação; Fórum do Pensamento; Prêmio Personalidade da Comunicação; Seminário Mega Brasil de Comunicação Interna; Seminário Mega Brasil Benchmarking; TOP Mega Brasil. Veículos editoriais: Anuário da Comunicação Corporativa; Jornal da Comunicação Corporativa; Rádio e TV Mega Brasil; Direto da Redação. Evento Associado: Troféu Jatobá PR – Prêmio Latino-Americano de Excelência e Inovação em PR (GECOM - Grupo Empresarial de Comunicação). Serviço - Este Anuário tem distribuição digital gratuita. Exemplares impressos poderão ser adquiridos, sob consulta, pelo e-mail celiar@megabrasil.com.br. O preço é de R$ 130,00 mais custo de postagem de R$ 20,00. Proibida a reprodução total ou parcial sem o consentimento dos editores. Período de coleta de dados: 2 de fevereiro a 11 de março de 2022. FSC Editorial Mega Brasil: O melhor momento da história 6 Aberje: Relacionamento com a imprensa: tradição e ruptura 10 Abracom: Nada será como antes 16 Vitrine Comunicação sob medida – As agências-butique em destaque 19 Caderno Editorial - Parte I Mercado da comunicação corporativa: Cautela, mas com o pé no acelerador 22 Agências de Comunicação – Desempenho, Pesquisa, Mapa Desempenho das agências de comunicação: A caminho dos R$ 4 bi 138 Pesquisa Mega Brasil com Agências de Comunicação • Quem entrou em quem saiu • Censo revela que são quase 900 as agências estabelecidas no mercado • Mapa Oficial das Agências • Elas não participaram, mas foram incluídas nas projeções setoriais 141 142 143 144 Agências de Comunicação – Rankings Ranking 1: Grandes e Médias Agências de Comunicação por faturamento bruto 146 Ranking 2: Por faturamento agregado dos grupos nacionais de Agências de Comunicação 147 Ranking 3: Por faturamento individual das Agências de Comunicação 148 Ranking 4: Grupos Internacionais com presença no Brasil 149 Ranking 5: Pequenas e Microagências de Comunicação por faturamento bruto 150 Ranking 6: Agências de Comunicação por número de colaboradores - Nacional 154 Ranking 7: Agências de Comunicação por número de colaboradores - Regional 161 Linha do Tempo – As Agências de Comunicação no Brasil, em ordem cronológica de fundação 168 Pesquisa Mega Brasil com Agências de Comunicação Metodologia para o cálculo do faturamento global do mercado de comunicação corporativa 170 Metodologia para o cálculo de empregados do mercado de comunicação corporativa 171 Metodologia da Pesquisa Mega Brasil com Agências Comunicação no Brasil – 2022 • Nota metodológica sobre o ICECC – Índice de Confiança do Empresário da Comunicação Corporativa 172 Artigo: Setor acusa crescimento recorde e intensa transformação no modelo de trabalho 173 Indicadores setoriais: desempenho, investimentos, perfis racial e de gênero das equipes, tendências, expectativas, impacto da pandemia etc. 178 Especial – Como anda a pluralidade nas agências de comunicação corporativa no Brasil 203 Caderno Editorial - Parte II Concorrências na comunicação corporativa • Disputas indigestas 211 A diversidade e a questão racial • Do discurso a atitudes positivas 221 A comunicação e os conteúdos proprietários • Assino embaixo 235 Quem é quem no mercado de mailings de imprensa • As transformações do serviço e os desafios que chegaram com a LGPD 246 A comunicação e o mercado de trabalho • Sobram vagas, faltam talentos 255 A comunicação, as empresas e a eleição • Segredos de liquidificar – Desafios para a reputação das empresas num ano eleitoral • Oportunidades para relações governamentais e institucionais 271 275 Os prêmios de PR e o valor para o mercado • Premiações incentivam nova mentalidade competitiva em agências e empresas • O que vem por aí 276 284 O predomínio das mulheres • Espelho, espelho nosso, tens gênero? 286 Índice Onomástico Profissionais/Personalidades 303 Organizações 305 Índice de Anunciantes Organizações apoiadoras da edição 2022 312

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Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 6 Nos múltiplos depoimentos colhidos por este Anuário, debatendo tendências, desempenho, desafios e o futuro da atividade da comunicação corporativa, chamou a atenção a seguinte declaração, do colega Ricardo Cesar, fundador e CEO do Grupo Ideal: “O mercado de relações públicas está entrando no momento mais interessante de sua história”. Foi possível, de fato, constatar isso nos números colhidos pela atividade em 2021, pelo surpreendente aquecimento do mercado no primeiro semestre de 2022, mas, sobretudo, pela quase unanimidade de afirmações de que nunca havíamos visto um momento como esse, em que agências de porte crescem 30, 40, 150%; em que não há mão de obra em quantidade suficiente para dar conta do crescimento do mercado; em que as concorrências nunca foram tantas; em que a comunicação consolidou-se, de fato, como protagonista do andar de cima das organizações, sendo chamada a sentar com o board e participar das decisões estratégicas. Sim, sim, temos problemas e vamos também falar deles. Mas chamamos a atenção para um outro trecho do depoimento de Cesar: “Talvez esteja faltando mostrar melhor essa missão fascinante que temos pela frente. Inspirar mais. PR é uma indústria do futuro, a arte e a ciência de criar estratégias de engajamento com seus públicos num mundo cada vez mais conectado, com imensas mudanças na maneira como as pessoas interagem e se comunicam. PR tem um papel relevante a cumprir para que as empresas tenham não só discurso, mas também práticas responsáveis, e para fomentar mudanças comportamentais positivas na sociedade, como promover e celebrar a diversidade, o respeito e a inclusão. Não é pouco. Mostrar esse nosso papel de uma maneira mais inspiradora ajudaria inclusive a indústria de PR a atrair e reter mais talentos”. Nunca se comprou e se consumiu tanta comunicação como nesse período iniciado em 11 de março de 2020, quando o diretor geral da OMS (Organização Mundial de Saúde), Tedros Adhanom, anunciou formalmente que a Covid-19 era uma pandemia. Desde então, passados o pânico e a desordem momentânea de toda a sociedade – aí incluídas as empresas e organizações –, os processos de reordenamento econômico, político e social passaram fundamentalmente por uma boa e correta comunicação. Para se ter uma ideia, este Anuário colheu cerca de 60 depoimentos de agências e fornecedores de serviços de comunicação sobre o mercado. Praticamente 100% deles garantem que foram bem em 2021 e que estão indo ainda melhor neste 2022. Mais uma? O segmento das agências de comunicação registrou um crescimento real de 13,9% em 2021, descontada a inflação do período, de 10,06%. Nominalmente, o crescimento foi de 23,92%, com a receita bruta chegando a R$ 3,7 bilhões, contra os R$ 3,02 bilhões de 2020. Se em 2022 vier a crescer metade do que o fez em 2021, vai pela primeira vez romper a barreira de R$ 4 bilhões. Uma das principais preocupações para que a atividade consiga seguir nesse ritmo acelerado é a oferta de mão de obra qualificada. E esta, infelizmente, por tudo o que se tem visto e falado, não está acompanhando a expansão dos negócios. Há um descompasso real que tem tirado o sono de muita gente diante da necessidade de contratar, montar equipes, ampliar o atendimento, dar conta de novas demandas operacionais. É um quadro que impacta diretamente as margens das agências, às voltas com elevação de salários, turnover acima do normal, queda nas entregas, entre outros fatores, sem que possam repassar ou renegociar os contratos. Para se ter uma ideia da expansão da mão de obra, o crescimento em 2021 foi de 11,79%, elevando o total de empregados na atividade de 15.228 para 17.023 − ou seja, foram criados em apenas um ano 1.795 vagas na comunicação corporativa. O detalhe é que, na maioria dos casos, não são vagas para novatos, pessoas sem experiência, porque quem contrata está em busca de profissionais prontos, para demandas imediatas, com pouquíssimo tempo para treinar e formar. Como isso não tem sido possível, o jeito é “se virar nos 30” e minimizar o prejuízo, sobretudo na qualidade das entregas, fator fundamental para a retenção de boas contas. Não é conjuntural, no entanto, o que está acontecendo com essa atividade. O aquecimento é um dado e obviamente pode diminuir. Mas há de fato algo novo O melhor momento da história EDITORIAL Eduardo Ribeiro e Marco Rossi

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 7 acontecendo com a atividade da comunicação corporativa. Arriscamos dizer que o mercado e suas circunstâncias estão a mostrar a chegada de um novo ciclo para essa atividade, apontada como essencial à democracia, para os negócios, para o bem-estar social. Temos o desafio de mostrar que em casa de ferreiro o espeto é de ferro, de fazer PR para o PR e uma forma integrada, inteligente, abrangente, somando forças e competências na direção do engrandecimento e, tanto quanto ele, da prosperidade dessa que é uma atividade cada dia mais apaixonante. Não é pouco, sabemos, mas como costumamos dizer na Mega Brasil, se dá para pensar, dá para fazer. Muito disso que foi dito poderá, de certo modo, ser visto nas mais de 300 páginas desta edição, em que, tanto quanto a celebração desse momento único, fala-se também das múltiplas dores do crescimento, a maior delas a questão profissional, humana, já que sem gente toda a tecnologia embarcada em PR de pouco adianta. Profissional bom está rindo à toa, porque basta uma piscada e já estará num emprego melhor, com salário maior, benefícios, escolha de como deseja trabalhar e por aí vai. Na outra ponta, dos contratantes, as dores começam no desafio de reter seus talentos, em contratar por valores que caibam nos contratos assinados, no desespero de concorrências mal feitas ou disputadas de forma predatória. Com um time que contou com repórteres e editores experientes, como Ceila Santos, Cristina Vaz de Carvalho, Dario Palhares, Fernando Soares, Luis Alberto Alves (Caju), Martha Funke, Vanderlei Campos e Wilson Baroncelli, mais os colunistas Carlos Parente e Renato Delmanto, a edição 2022 do Anuário traz informações e reflexões sobre temas estratégicos e essenciais como Concorrências, Diversidade Racial, Diversidade de Gênero, Talentos, Mailings, Conteúdos Proprietários, Premiações, Empresas e Política, entre outros. E não bastasse esse rico e amplo conteúdo, o Anuário traz também uma atualização ainda maior e mais completa do Ranking das Agências de Comunicação e os tradicionais indicadores gerais da atividade, como nível de emprego, investimentos, tendências, perspectivas, desafios, num precioso trabalho do Instituto Corda – Rede de Projetos e Pesquisas, sob a coordenação de Maurício Bandeira. Antenado com os novos tempos e com a própria conjuntura, a publicação tem apostado na força do digital tanto para aumentar a audiência quanto para promover maior disseminação de seus conteúdos. Se nos tempos exclusivamente da edição impressa a tiragem era de 3.000 exemplares, hoje, impulsionado pela força do digital e da marca Mega Brasil, que está chegando este ano, em julho, aos 30 anos de vida, o Anuário atinge a quase totalidade do mercado profissional, o que inclui agências, fornecedores, executivos corporativos, áreas de compra e compliance, redações jornalísticas e a própria universidade. Mas é preciso reconhecer que chegar a esse estágio de representatividade e a essa bela trajetória só foi possível graças ao apoio do próprio mercado, que vê valor na publicação, tanto pelas portas que abre quanto pela excelência do conteúdo que publica. Nesta edição, por exemplo, são quase 80 os anunciantes disputando o interesse do mercado e engrandecendo a atividade. A todos também demos voz, valorizando as opiniões e reflexões de quem conhece profundamente esse mundo da comunicação corporativa. Sabemos da nossa responsabilidade e temos plena consciência de que ano a ano ela só aumenta, fruto da representatividade que a publicação adquiriu nesses 14 anos de jornada e da presença no dia a dia de equipes, lideranças, compradores de serviços, estudiosos do mercado, que se valem das informações aqui publicadas para escolher os competidores. E se hoje as principais marcas da comunicação corporativa mostram-se parceiras da iniciativa é porque sabem que estar presente nessas páginas é a garantia de participar de uma vitrine estratégica, muito usada, inclusive, nas principais concorrências do mercado. Não pode haver melhor prova da representatividade para os editores do que os apoios de Aberje e Abracom, cujos líderes edição a edição nos ajudam a compreender os rumos da atividade e os desafios que nos impulsionam ao estado da arte da profissão. Isso desde a primeira edição, em 2008. Fica aqui o nosso convite e a nossa recomendação: leia, compartilhe, reflita, debata com a equipe, com os colegas, com o mercado o rico conteúdo desta publicação. Página a página, você encontrará uma informação importante, um insight útil, uma reflexão pertinente. Consuma sem pressa e use sem moderação. Eduardo Ribeiro e Marco Rossi Diretores da Mega Brasil Comunicação

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 10 ABERJE Équase lugar-comum afirmar que, desde a revolução digital dos anos 1980-1990, instalou-se uma realidade que constitui, simultaneamente, um desafio e um amplo horizonte de possibilidades para a chamada imprensa tradicional. Desde o aparecimento dos primeiros blogs até os dias atuais – com seus podcasts, plataformas de vídeo e diversas modalidades de redes sociais –, a comunicação transformou-se, expandindo-se em escala imprevista e adquirindo feitios e características novos, cujos impactos ainda estão por ser inteiramente compreendidos e mensurados, mas já se fazem notar de diversas maneiras. Em razão desse processo de transformação, muito já se falou sobre um colapso da imprensa tradicional. E não foram poucos os especialistas que vaticinaram, por exemplo, a extinção do jornal impresso, o esvaziamento das grandes corporações de rádio e televisão, e outras tantas previsões apocalípticas para o jornalismo ao qual estávamos acostumados até os anos 1990. Essas possibilidades fizeram soar o alarme entre aqueles que consideram o jornalismo de qualidade uma conquista orientada para o bem comum, cujos rituais de produção foram forjados e testados em contextos históricos difíceis. Assegurar a expressão social dos inúmeros pontos de vista sobre os destinos das sociedades foi o alicerce para a construção e a preservação da democracia, destacadamente no Ocidente. A história e a memória desses mais de 300 anos de boas práticas é o que faz a maior parte da sociedade reconhecer a imprensa como uma instituição cuja existência é condição suprema para a existência da democracia. Como se sabe, tais previsões catastróficas nunca se confirmaram inteiramente. No que concerne à atividade jornalística, é inegável que a disputa pela atenção do público tornou-se mais acirrada. Todavia, apesar das crises, a morte anunciada provou ser um mito. Felizmente, não só os jornais impressos continuam a existir, como passaram a veicular seu conteúdo na web e incorporaram recursos típicos das novas mídias, numa demonstração de sua capacidade de adaptação e de sua resiliência, desencadeando um processo que terminou por erodir as fronteiras entre mídia virtual e impressa. Algo semelhante, pode-se afirmar com segurança, ocorreu no que concerne às redes de rádio e televisão. Em todos esses casos, o jornalismo institucional estendeu-se ao domínio digital, aumentando seu alcance e adaptando-se. Mesmo assim, não faltam dados que sinalizam um significativo realinhamento da importância atribuída, seja aos meios digitais, seja à imprensa tradicional. Em levantamento recente, a Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) constatou que o investimento das empresas em comunicação tende, mais do que nunca, a se concentrar nas novas mídias online e redes soRelacionamento com a imprensa: Paulo Nassar e Hamilton dos Santos

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 11 ciais. Indagadas acerca de 20 processos de comunicação diferentes, 83% das empresas consultadas responderam que em 2022 a preocupação com a gestão de meios digitais e redes sociais ocupa o 3º lugar de sua escala de prioridades, enquanto a gestão de relacionamento com a imprensa tradicional encontra-se apenas na 12ª posição. A considerarmos a série histórica das pesquisas de tendências da Aberje, o que mudou significativamente não foi a preocupação das empresas em relação aos meios digitais, mas a relevância concedida à própria imprensa. Entre 2015 e 2021, o relacionamento com os meios de comunicação tradicionais oscilou entre o 5º e o 6º lugares no levantamento, mas despencou seis posições na sondagem de 2022. Já as mídias digitais e redes sociais mantiveram-se sempre entre a 2ª e a 3ª posições. É verdade que não seria de todo equivocado pensar que a preocupação das empresas com os meios digitais não deixa de incluir a imprensa tradicional. Afinal, como já dissemos, as linhas de demarcação que separam as mídias online e o jornalismo tradicional não são hoje tão rígidas quanto já se supôs, e este último encontra-se também presente nas redes. Seja como for, dados como esses suscitam algumas inquietações e cuidados. Em se tratando de estabelecer um canal eficiente de relacionamento com a sociedade, não há como negar a enorme relevância das novas mídias. Redes sociais, portais e outras plataformas têm uma penetração indiscutível junto às comunidades e permitem uma interação quase que direta e imediata com o público. Daí que esses meios constituam instrumentos poderosos para uma empresa ou marca que pretenda se dar a conhecer, divulgar seus produtos, promover uma ação de interesse social ou difundir seus valores e intervir no debate público. Mas seu emprego envolve riscos, derivados de algumas das características que lhes são peculiares, bem como do atual estado da arte da área, que ainda não conquistou a dádiva do reconhecimento institucional, advinda da confiança que a sociedade ainda não percebe nas informações produzidas pelas novas mídias. Não é o caso de ir tão longe quanto Umberto Eco, quando o filósofo e romancista italiano declarou em entrevista que as redes sociais e canais similares haviam“dado voz a uma legião de imbecis”, mas é forçoso reconhecer alguns problemas. Em que pese o exagero desse autor, ninguém pode negar que as redes continuam a ser campo aberto para a dispersão de conteúdos suspeitos, produzidos por veículos ou indivíduos destituídos de qualquer compromisso com os fatos ou com a informação de qualidade. O grande risco, como disse mais moderadamente Eco noutra ocasião, reside no fato de que as redes não possuem quase nenhum filtro, de que a seleção do que deve ser, ou não, levado a sério fica por conta do usuário e termina por depender de seus conhecimentos prévios. Ou pior, há um filtro obscuro, invisível ao escrutínio público, que são os algoritmos que regem as engrenagens das redes sociais e que interferem diretamente no cardápio de informação que é oferecido ao cidadão, considerado por parte dessas redes apenas como um usuário. A questão parece ainda mais grave se considerarmos, além disso, que no ambiente virtual em geral todo tipo de notícias falsas possui amplo espectro de divulgação, malgrado todos os esforços já realizados no sentido de estabelecer uma legislação rigorosa, bem como de instituir mecanismos de auditoria e monitoramento eficazes. Em qualquer busca que façamos pela internet, a dificuldade de realizar uma triagem adequada, juntamente com o volume de informação, faz com que tropecemos em boatos de toda sorte, em fake news e, no ponto mais extremo disso tudo, em discursos de ódio até nos depararmos com conteúdos produzidos por especialistas sérios e profissionais responsáveis. A sociedade e Paulo Nassar é diretor-presidente da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) e professor titular da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) Hamilton dos Santos é diretor-geral da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) e mestre e doutorando em Filosofia pela USP – Universidade de São Paulo

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 12 ABERJE os seus representantes precisam trabalhar na construção de mecanismos institucionais que promovam a diferenciação entre as informações produzidas pela indústria da comunicação e das relações públicas das produzidas pela indústria das relações não-públicas. Pode ser que a participação da imprensa tradicional no espaço virtual tenda a produzir consequências benignas capazes de, com o tempo, contrabalançar esses problemas. Por si sós, a ampliação da oferta de conteúdo de qualidade na web, bem como alguma disseminação, no ambiente digital, do rigor no tratamento da informação característica do bom jornalismo tendem a fornecer contrapontos e produzir efeitos positivos capazes de auxiliar no estabelecimento de padrões de excelência mais elevados. Trata-se de uma aposta para o futuro. Pelo momento, o que é seguro afirmar é que o problema consiste no fato de que, se as mídias digitais facilitaram e ampliaram o acesso à informação, bem como multiplicaram os espaços de debate, elas também pulverizaram nossa capacidade de crítica e de checagem das informações – elementos que, aliás, são parte central das competências do jornalismo profissional. É verdade que pesquisas recentes indicam que os meios de comunicação gozam hoje de menos credibilidade do que no passado. Um desses levantamentos, o Edelman Trust Barometer 2022, sugere que o descrédito pesa mais sobre a mídia, entendida em sentido mais geral, do que sobre a imprensa tradicional em particular. Segundo o Trust 2022, enquanto a imprensa é considerada confiável por 57% dos entrevistados apenas 37% depositam confiança nas informações obtidas pelas redes sociais. Essa diferença não chega a ser surpreendente, se levarmos em conta que, com a emergência desses novos meios, tornou-se possível a virtualmente todo cidadão dar ampla publicidade a suas opiniões, veicular suas narrativas e expressar suas ideias, independentemente de seu conhecimento a respeito da área, de suas fontes etc. É de se perguntar o que se ganha com essa novidade. O preço a pagar parece excessivamente caro. Com efeito, ele termina por consistir em abrir mão do trabalho de jornalistas formados para acompanhar e investigar sistematicamente os assuntos de interesse público, treinados no monitoramento metódico da atuação dos poderes e das lideranças políticas, na seleção de notícias mais importantes, em sua análise e apresentação na forma de narrativas compreensíveis ao maior público possível, sem descurar de checar a fidedignidade de suas fontes. Dessas características, vale ressaltar, é que derivam a importância e a confiabilidade da informação veiculada pela imprensa tradicional. Pode-se dizer que o jornalismo, desde que realizado livremente e de acordo com as boas práticas consolidadas, não é apenas uma profissão, mas uma instituição necessária para a constituição de uma sociedade equilibrada. Não se trata aqui de romantizar esse ofício, mas, como já notava David Hume em termos característicos do século XVIII, cabe à imprensa livre instigar “o povo a frear a ambição da corte”, empregando toda “erudição e gênio” da nação em prol da liberdade, “mobilizando todos em sua defesa”. O que Hume parece ter percebido, com a sagacidade que lhe era peculiar, é que informar a população e contribuir para formar a opinião pública, sempre buscando fundamentos em argumentos sólidos, é uma função civilizadora da imprensa, pois impõe freios necessários ao poder e fixa obstáculos ao despotismo. Se esse diagnóstico é acertado para a Grã-Bretanha do Século das Luzes, ele vale ainda mais quando se trata das democracias liberais de hoje em dia. Com efeito, não é excessivo afirmar que o debate público, sistemático e racional acerca de assuntos que são de interesse geral da sociedade é um elemento fundamental para o êxito desses regimes políticos. Como bem indicou o filósofo alemão Jürgen Habermas, em seu clássico Mudança estrutural da esfera pública, é por meio dessa prática que se pode chegar a consensos e regras racionais que possibilitem ordenar as relações sociais e o exercício do poder político de forma mais justa e civilizada. A democracia demanda necessariamente a existência e a manutenção desse espaço privilegiado de discussão, onde o direito à informação é garantido e a crítica, livremente exercida. E o bom jornalismo, livre e independente, parece ser condição incontornável para sua existência e manutenção. O próprio Habermas, apesar de seu ácido diagnóstico acerca dos efeitos da comunicação de massas e das grandes corporações da área, foi um dos primeiros a ressaltar a importância que tiveram os jornais, ainda em meados do século XVII, na formação dessa esfera pública de debate. Apesar do advento das novas mídias, esse estatuto parece permanecer inalterado. Dado o seu padrão de excelência e a confiabilidade de que desfruta, assim como a sua vocação histórica, a imprensa tradicional ainda parece ser o meio privilegiado por onde se dá a melhor comunicação entre os diversos atores que entram na composição de sociedades grandes e complexas, como é o caso da brasileira. Empresas e outras instituições (públicas ou privadas) que desejem dirigir-se à comunidade, seja para anunciar suas marcas, seus produtos e serviços, seja para dar sua contribuição na perseguição do interesse público, deixando claro seu compromisso com o valor da responsabilidade social, precisam alinhar a escolha dos meios de que lançarão mão para realizar esses objetivos. Em tempos conturbados, como os atuais, a opção a ser feita parece ser mais que clara: não é o caso de descurar das mídias digitais, mas convém, tendo em mente aquela boa e velha dialética entre tradição e ruptura, nunca esquecer da relevância da imprensa histórica, cujos valores clássicos desde já devem ser apontados contra aquilo que a nova ordem digital tem de perverso e autofágico.

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Nos metaversos em que as histórias se misturam, inovar é questão de sobrevivência. Não há mais off sem estar on. Não há mais voz sem tecnologia. Não há reputação sem criatividade. Não há comunicação sem inclusão. Quem inclui, acrescenta. Soma. Acolhe. Multiplica. Quem inclui adiciona o novo e o faz sentir-se parte do todo. Quem inclui, na comunicação, sabe que ouvir o outro é a melhor forma de traduzir sua própria voz. Incluir é abraçar a tecnologia e a humanidade em sua diversidade. É saber que comunica bem quem se comunica com o diferente (e de forma diferente). É fazer da comunidade a base de sua reputação. É integrar a rede de influência para sempre lutar pela pluralidade de ideias e visões. Na era do capitalismo de stakeholders, incluir é construir uma jornada de reputação verdadeira, ouvindo e dando voz a pessoas reais. É a marca de esportes que ajuda a formar criadores de conteúdo e a dar visibilidade a atletas. A indústria que dá voz aos seus colaboradores ao criar uma rádio comunitária. A companhia de mobilidade urbana que ouve seus motoristas para definir soluções. Essa inclusão coloca o cliente no centro do negócio e o leitor no centro da produção e do consumo de informação. Transforma atitude em discurso. Promove a diversidade nas empresas e o impacto positivo nos negócios. É corajosa e demanda posicionamento. As grandes narrativas de marca fluem na integração. Do impresso aos NFTs, das revistas aos games, dos canais sociais às experiências de desconexão: incluir é um valor. O nosso valor para inovar sempre. É POSSÍVEL INCLUIR SEM INOVAR? HÁ 15 ANOS, FAZEMOS A COMUNICAÇÃO QUE ENVOLVE VOCÊ

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Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 16 Nada será como antes ABRACOM Alguém que fosse parte ou acompanhasse o mercado de comunicação e, por algum motivo exótico, tenha caído no sono em 2010 e acordado hoje, provavelmente teria duas surpresas. A primeira é que nos transformamos em um setor que emprega 17 mil pessoas e faturou R$ 3,3 bilhões em 2020, um colosso que reúne 900 agências prestando serviços de comunicação de alta qualidade e em todos os níveis. Quem diria! A segunda surpresa, infelizmente, não é tão boa. O dorminhoco vai descobrir ao acordar não reconhecer muitas das práticas, condições e até mesmo o modus operandi do segmento. Aumento abusivo de demanda, concorrências predatórias e diminuição sistemática de investimentos e fees transformaram o setor em uma arena de sobrevivência. Dizem que sempre foi assim, mas não foi. Era difícil? Era. Muita gente reclamava? Sim, é de praxe. Mas a relação entre agência e cliente, que sempre foi uma corda esticada, agora virou um nó. O puxa e estica para levar vantagens mínimas em negociações muitas vezes injustas acabou enrolando essa corda no pescoço das agências. Se as empresas puxarem mais, podem enforcar um segmento inteiro. E isso não é bom para ninguém, inclusive para quem acha que está levando pretensa vantagem nesse embate. Para as agências, não está bom por motivos óbvios. As empresas, por sua vez, acreditam estar vivendo uma espiral de ganhos momentâneos, mas que fatalmente levará a uma estagnação e, talvez, um refluxo do mercado. Ganha-se hoje para não ter o que ganhar amanhã. O cenário é de perplexidade e busca incessante por novos caminhos, diálogos e modelos que possam tornar essa relação sustentável novamente. Mas, sejamos sinceros: esse cenário não apareceu de repente. São anos, décadas, de uma relação que foi se adaptando às circunstâncias geradas por desmandos econômicos de sucessivos governos, crises, novas demandas de comunicação, mudança no perfil do profissional que atua na área dentro da empresa, entre outras. Mas uma relação não cuidada está fadada a ser uma relação desgastada e, por vezes, conflituosa. Os diálogos necessários ao longo desse processo não foram promovidos, e hoje se procura quase desesperadamente romper uma barreira de silêncio A Abracom, como entidade que representa as agênDaniel Bruin

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 17 cias de comunicação no Brasil, tomou a frente para reescrever essa história. Lançamos no ano passado o Manifesto por Concorrências Justas e Transparentes, um convite ao diálogo para que as áreas de compras, de comunicação, de finanças e a alta direção das empresas, em conjunto com as agências de comunicação, possam estabelecer um pacto de boas práticas para a contratação de serviços que estejam alinhadas a seus discursos. A ideia é abrir um diálogo para deixar claro que não há margem para práticas comerciais que não têm mais lugar em um mundo em que ganham cada vez mais importância o compliance e a preocupação com o ecossistema em que as companhias se inserem. O principal ponto para se prestar atenção nesse jogo são as concorrências. É preciso rever práticas como a colocação de prazos de menos de 15 dias úteis para apresentação de propostas estratégicas e criativas, briefings obscuros e objetos de contratação mal definidos, e até aberrações como a concorrência que previa a prestação, por parte do ganhador, de um “período gratuito de serviços” para que agência e cliente pudessem se conhecer, como se fosse um encontro agendado por aplicativo. Uma boa visão de como esse processo está esmagando a resistência das agências apareceu na pesquisa que a Abracom fez com seus associados, que avaliaram Daniel Bruin é presidente do Conselho Gestor da Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação) e sócio da agência XCOM © Ciete Silvério

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 18 ABRACOM 45 concorrências realizadas ao longo de 2021. Uma amostra de um universo amplo, que revela alguns dos pontos que podem ser melhorados nos processos de contratação de serviços. E que também mostra que há um número razoável de boas concorrências no mercado. Os dados revelaram um cenário preocupante. A maioria das concorrências avaliadas foi realizada no principal mercado do País, São Paulo, com incidência de 80%. A duração dos processos de escolha variou de 20 a 60 dias em 42% dos casos. Mas chegou a passar de 60 dias em 18%, um número estarrecedor. Segundo a pesquisa, 46% das empresas perderam a concorrência, 20% venceram e outros 20% nunca tiveram uma resposta, dado que revela descaso com os participantes, que se preparam para apresentar uma proposta e ficam no escuro. Em 70% das ocasiões os prazos de divulgação dos resultados previstos no edital não foram cumpridos. Em 78% das concorrências, os briefings não indicavam verba de referência, o que deixa a empresa que vai preparar uma proposta sem parâmetros para formatar um preço justo. E 53% dos briefings foram realizados em sessões individuais, o que não permite também que as agências saibam com quem estão concorrendo e nem ao menos abre possibilidade de sessões coletivas para esclarecimento de dúvidas. Essa prática levou 79% das agências a indicarem que não houve transparência durante as etapas do processo e afirmarem que em 60% dos casos não foram divulgados os critérios de avaliação técnica, prática que é obrigatória, por exemplo, nas concorrências públicas. Por fim, nossos associados revelaram que em 58% das concorrências pesquisadas não houve feedback, nem para quem perdeu e nem para quem ganhou. Ou seja, a agência participa de todo um processo seletivo, aloca grandes recursos materiais e intelectuais, gasta um tempo enorme na elaboração e apresentação da proposta e depois fica a ver navios, sem saber como foi seu desempenho. Tudo isso chega a ser estranho se observarmos o discurso e as anunciadas práticas ESG das empresas atualmente. Nesses últimos meses, a mídia brasileira foi inundada por diversas campanhas publicitárias em que muitas das maiores empresas do Brasil tornavam público ou reafirmavam seu discurso ESG. Prometem compromissos ambientais, sociais e de sustentabilidade, programas de governança e compliance, anunciando um mundo de boas intenções que devemos aplaudir e apoiar. Mas um olhar mais crítico a essa narrativa traz diversos questionamentos, principalmente na questão do walk the talk, ou fazer dentro de casa aquilo que promete da porta pra fora. Vemos no dia a dia algumas condições insalubres permeando o ambiente de negócios de clientes e agências, como o aumento das concorrências predatórias, exigências de entregas muito acima do previsto em contrato e condições de pagamento cada vez mais surreais. Tudo sob a ameaça de que, se não aceitar, “abrimos concorrência e outro pega”. Todos esses elementos reforçam nosso propósito de buscar um diálogo mais aberto e franco com as empresas. Principalmente agora que a Abracom comemora seus 20 anos de vida. Queremos comemorar essa data plantando as sementes de uma nova entidade, mais ágil, eficiente e profissional. O mercado de comunicação evoluiu e a Abracom deve evoluir junto. Nos últimos anos demos passos decisivos nesse sentido, com a criação dos Grupos de Trabalho de Digital, de Compliance e de Diversidade e Inclusão, que espelham as novas fronteiras que estão sendo exploradas por nosso setor. Estes grupos de think tank têm debatido as melhores práticas, ferramentas e abordagens em segmentos importantes, que certamente ainda estarão no dia a dia da comunicação por muitas décadas. O Grupo de Trabalho Mercado Forte, que congrega as lideranças do nosso setor, reúne-se frequentemente para analisar os problemas estruturais e propor soluções para melhorar o ambiente de negócios. Profissionais das agências deste GT trabalham em projetos de pesquisa, criação e elaboração de melhorias, em uma amostra de que é interesse de todos ter um mercado mais profissional e fortalecido. No ano passado, fizemos junto com este Anuário e com a newsletter Jornalistas&Cia a mais ampla e profunda pesquisa sobre o real tamanho do nosso mercado, que revelou um universo de cerca de 900 agências ativas em todo o Brasil, proporcionando dados que vão permitir ampliar nossa atuação e os horizontes de relacionamento com aqueles que estão mais longe e “desgarrados” da entidade. Estamos preparando novos talentos do setor, com o lançamento do Programa de Formação de Lideranças, que já está formando sua primeira turma e promete ser uma boa fonte de inspiração para os jovens que serão as referências do mercado no futuro. Também estamos finalizando os preparativos para lançar o programa de certificação, que vai conferir às associadas Abracom um selo de qualidade, desde que cumpram alguns pré-requisitos. Este projeto vai valorizar as agências em sua atuação frente a players de outros setores, garantindo padrões de ética, profissionalismo e transparência. Queremos que a celebração dos nossos 20 primeiros anos de vida seja um primeiro movimento para criar uma “nova Abracom”, eficiente, moderna e profissional, preparada para os próximos 20 anos. É nosso dever deixar um mercado melhor e mais forte para as futuras gerações da comunicação.

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2021 19 COMUNICAÇÃO Análises de conteúdo Assessoria de imprensa / Relações com a mídia Ativação de marca Branded content Comunicação integrada Comunicação interna / Endomarketing Conteúdos proprietários Eventos corporativos e institucionais Gestão de crises Gestão de premiações Gestão de redes sociais Gestão de reputação Marketing digital Media training Aqui você encontrará a agência mais adequada às necessidades de comunicação da sua empresa. São agências-butique, com larga tradição e reconhecimento do mercado, especializadas em atividades como: Confira, consulte, use sem moderação! VITRINE Monitoramento de informação / Clipping Planejamento e estratégia de comunicação Produção de conteúdo on e offline Produção gráfica / Design Programas de inclusão e diversidade Public affairs Publicações empresariais Publicidade institucional Relacionamento com influenciadores Relações com comunidades Relações com consumidores Relações governamentais Relatórios de sustentabilidade / ESG Demais atividades de comunicação corporativa e áreas afins.

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 20 VALOR PARA MARCAS 13 ANOS GERANDO INOVADORAS pauta@agenciacontatto.com.br (11) 3432-3937 EXPANDIR UMAAGÊNCIADECOMUNICAÇÃO OSEUNEGÓCIO PARA Conheça aqui nossos serviços Pensar em todos os públicos. Assim, fazemos comunicação. 55 (11) 98684-1976 grupoprinter.com.br C M Y CM MY CY CMY K anuncio-printer-af.pdf 1 23/03/2022 10:48:37 InboundPR Relações Públicas alinhadas às demandas do mundo digital www.epr.com.br VITRINE DESCUBRA NOVOS CAMINHOS PARA A SUA COMUNICAÇÃO www.geacomunicacao.com.br

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 21 +55 11 3032.1877 nacomunicacao.com.br contato@nacomunicacao.com.br Consultoria PR Data Driven Marketing Digital Criação estratégia conteúdo influência comunicação & reputação de marca agenciatruly.com Em um mundo de diversas realidades, reunimos dados, criatividade e técnicas de comunicação para entregar estratégias integradas que conectam marcas e pessoas a propósitos. entregamos integração Comunicação Integrada de Verdade C M Y CM MY CY CMY K 78249-rpma-anuncio-megabrasil-2.pdf 1 13/04/2022 17:29 /RelacionamentoEstratégico /ComunicaçãoDigital /Assessoriade Imprensa Comunicação estratégica, aqui, nós chamamos de resultado /marthabeckerconnections marthabecker.com.br redacao@presscomunica.com.br www.presscomunica.com.br (11) 3627-9894 ENOVOS NEGÓCIOS

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 22 MERCADO DA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA mas com o pé no acelerador O Anuário da Comunicação Corporativa consultou quase 60 empresas do segmento para oferecer ao mercado um olhar diverso sobre os horizontes da atividade. E de quase todas ouviu que os tempos são de cautela na política e na economia, mas na comunicação continuam de aceleração. Ou seja, tudo faz crer que 2022 será o ano da Comunicação Pé na Tábua – se a pandemia, a política e a guerra deixarem, claro! Pelos Editores do Anuário

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 23 Os editores deste Anuário formularam cinco questões a 59 empresas de comunicação corporativa, entre agências (54) e fornecedores (cinco), abordando o desempenho em 2021, as tendências e perspectivas para 2022, o estágio atual dos negócios, os riscos apresentados por uma conjuntura apreensiva e os desafios que estão colocados para essa indústria. Entre as múltiplas considerações, algumas afloraram de forma enfática, caso das críticas quase unânimes sobre a política de preços baixos que tem dominado o mercado − de um lado pela pressão dos clientes, e, de outro, por culpa das próprias agências, muitas delas praticando, segundo esse entendimento, preços insustentáveis e que jogam contra toda a atividade. Também se mostrou uma quase unanimidade a questão da mão de obra, dos talentos, que, num mercado altamente aquecido, não consegue atender à demanda de agências e fornecedores nas qualificação e quantidade necessárias. Situação agravada pela inflação dos salários e encargos sociais, já que para ter os melhores talentos tem que se pagar mais, afetando os orçamentos e comprometendo as margens. Num olhar mais pragmático, analisando os problemas e desafios enfrentados pelas empresas na busca de crescimento e geração de negócios − e a existência, possivelmente, do maior aquecimento já registrado nessa atividade, onde quase 100% das empresas cresceram (muitas delas, muito) em 2021, continuando aceleradas este ano −, não será nenhum perjúrio dizer que essas são, de fato, as dores do crescimento. E isso, convenhamos, não é uma notícia ruim. Na sequência, estão os depoimentos colhidos por escrito por este Anuário. Reunimos, no primeiro bloco, as agências médias e grandes, na sequência da colocação em que figuram no Ranking das Agências de Comunicação deste Anuário; no segundo, em ordem alfabética, as agências-butique; e, no terceiro, os fornecedores de serviços de monitoramento da informação para a comunicação. Líder de mercado, praticamente desde que este Anuário começou a ser editado, em 2009, o Grupo FSB segue agressivo nos negócios e zeloso nas entregas, seguindo o mantra de seu fundador, Francisco Soares Brandão, de sempre entregar mais do que o cliente comprou e espera. Ele agora, já na retaguarda, num processo de sucessão que conduziu com maestria, acompanha os passos do grupo sob a batuta de Marcos Trindade, CEO que tem a responsabilidade de conduzir os destinos da organização, a primeira, no universo das agências, a superar o patamar de R$ 300 milhões de faturamento anual, em 2021, num expressivo crescimento de 21%. Temos muito interesse em negócios com pegada tecnológica Grupo FSB

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 24 MERCADO DA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA Na entrevista a este Anuário Marcos revela que o desempenho do Grupo FSB em 2021 está baseado em quatro pontos: fortalecimento da equipe, transformação digital, entrada em novos negócios e foco em crescimento. “Já há alguns anos”, assinala, “definimos a busca por talentos com formações diversas, incluindo especialistas digitais e em tecnologia, como prioridade total para nossas empresas e conseguimos atrair vários profissionais de primeiro time em 2021. Nosso foco permanente é também realizar uma ampla transformação digital nas empresas do grupo. Já oferecemos a nossos clientes de forma bem abrangente o que chamamos de estratégia PRigital, combinando o PR e a assessoria tradicionais com o que existe de mais inovador no digital, incluindo redes, apps, estratégias de segmentação, mídia etc.. Mas queremos mais e estamos olhando permanentemente oportunidades de negócios e de novas contratações. Daí surge um programa único no mercado brasileiro de busca de negócios complementares ao nosso. Isso começou com a fusão com a Loures Consultoria e a criação da FSB Pesquisa e continuou com a aquisição de uma participação majoritária na Giusti Comunicação, com nosso sócio Édson Giusti. Além disso, o grupo vem criando novas empresas e linhas de negócio, como a F5 Business Growth, aceleradora de negócios digitais em sociedade com Renato Mendes e Thiago Cid, e a Beon, nossa prática de consultoria em ESG tocada pelo Danilo Maeda. Tudo isso sem abrir mão de metas agressivas de crescimento e prospecção no conjunto de negócios”. E como está o ano? “Começamos em crescimento e definimos metas bastante agressivas. Temos o desafio de superar o desempenho de 2021. E estamos muito confiantes nesse sentido, porque fizemos o dever de casa, reforçando a equipe e apostando em áreas com grande potencial de impacto para nossos clientes”, assinala. E dá um spoiler: “Vamos ter inclusive novidades importantes nos próximos meses”. É fato que já há alguns anos o Grupo FSB dedica um olhar permanente para negócios que possam complementar ou incrementar a oferta de serviços aos clientes. Desse modo, fez algumas aquisições, inovou, expandiu e continua atento e com novas oportunidades em vista. Aí vem um segundo spoiler, este mais direto, de Marcos Trindade: “Temos muito interesse em negócios com pegada tecnológica, em áreas como BI, Data, AI etc.”. Quem se candidata? Outra notícia que tem animado bastante o front interno da organização é o avanço da FSB Pesquisa, que se consolidou como um dos principais institutos do mercado. A empresa fechou, por exemplo, um projeto robusto para realizar todas as pesquisas eleitorais para o Banco BTG Pactual, o que fará, segundo Marcos, “com que seja a empresa com o maior conjunto de informações sobre a eleição de 2022”. No campo dos talentos, uma última informação: o Grupo, pensando em resolver o desafio da mão de obra, está organizando programas de desenvolvimento de jovens talentos com universidades selecionadas e iniciou um programa abrangente para trainees. Marcos Trindade

GBR

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 26 MERCADO DA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA Os números falam por si no Grupo In Press, que tem em sua estrutura as marcas In Press Porter Novelli, FleishmanHillard, Media Guide e Oficina, entre outras: crescimento de 38%, subindo o faturamento de R$ 168 milhões para R$ 232 milhões e um quadro com mais de 660 colaboradores (2/3 de mulheres). Desde 1988, quando foi fundado, tem sido assim, crescimento sobre crescimento, o que o levou, já há alguns anos, à vice-liderança do mercado. E não se pense que em 2022 será diferente. “Esperamos continuar crescendo este ano no ritmo de dois dígitos, como em 2021”, diz a CEO do grupo, Kiki Moretti. “O cenário econômico e inflacionário é preocupante, mas a complexidade do contexto político e social traz a necessidade de investimentos em reputação”. Entre os aspectos que impactaram positiva e negativamente os negócios do grupo, Kiki cita: “Em primeiro lugar, o crescimento da importância do PR no mix de comunicação das marcas, o que trouxe outras atividades da comunicação para a nossa coordenação. Destaco também a inovação e a diversificação do nosso portfólio de serviços, em especial os de estratégia de conteúdo – conteúdos proprietários para clientes e marcas, projetos de conteúdo audiovisual e as estratégias de conteúdo via influenciadores e outros modelos de cocriação. Vale mencionar ainda o aumento da procura por projetos de mídia e projetos mais consultivos em diversidade, governança e gestão de crise. Entre os aspectos negativos, destaco a redução de investimentos em comunicação por uma parte das empresas clientes”. Kiki cita duas das especialidades que ganharam força em 2021 na cesta de negócios do Grupo In Press: “A primeira foram insights, análise e pesquisa. Com cenários cada vez mais complexos para a atuação das empresas, é necessário analisá-los estando municiado de dados para avaliar corretamente e tomar decisões que beneficiem os negócios e preservem a reputação. Outra área que eu destacaria é consultoria e planejamento. Somos conhecidos como uma empresa que traz soluções criativas para os clientes. Para que a criatividade esteja associada à eficácia das campanhas, temos investido em planejamentos mais profundos, associando resultado para o negócio e melhoria da reputação”. A velocidade da transformação é brutal, e o que parece ser futuro vira passado num piscar de olhos Grupo In Press Kiki Moretti

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