Exposição Trabalhadores, de Sebastião Salgado, em cartaz a partir de agosto no SESI Lab

Seleção de 150 fotografias volta a ser exposta ao público brasileiro após intervalo de 20 anos desde a primeira montagem no país. Abertura será no dia 26 de agosto com temporada até janeiro de 2024

homem preto, com faixa na cabeça, carrega artefato no ombro. Imagem em preto e branco.
Homem carrega um pedaço de metal. Chittagong, Bangladesh, 1989

Aclamado pela crítica mundial e responsável por obras primas da fotografia humanista e militante, Sebastião Salgado será o primeiro artista a expor na galeria de exposições temporárias do museu SESI Lab, em Brasília. Após um intervalo de mais de 20 anos desde a primeira montagem no Brasil, “Trabalhadores” entra em cartaz, de 26 de agosto a 28 de janeiro de 2024. Na seleção, 150 fotografias com uma visão ampla e impactante do mundo do trabalho em diferentes partes do mundo. 

Construída a partir de viagens realizadas entre 1986 e 1992, “Trabalhadores” oferece uma espécie de arqueologia visual da Revolução Industrial, período em que o trabalho manual foi o eixo central da vivência de mulheres e homens pelo mundo. A exposição retrata o resultado de buscas do Sebastião Salgado em representar os processos manuais de produção ainda existentes, antes que desaparecessem completamente.


“Eu tinha que prestar homenagem a esse trabalho que estava em meu coração, que era a razão de meu ativismo político e do que acreditava ser o mundo da produção. Realizei esse projeto com imenso prazer e orgulho por fazer parte dessa espécie de construtores, apesar, é claro, das condições muitas vezes difíceis e desumanas em que o trabalho era realizado. É uma alegria poder voltar a apresentar este trabalho fotográfico no Brasil, e uma honra ser o primeiro artista a expor na galeria de exposições do museu SESI Lab, em Brasília", ressalta Sebastião Salgado.


A mostra, com curadoria e design de Lélia Wanick Salgado, reúne registros de trabalhos: a tradicional pesca do atum na Sicília; a singular aventura de garimpeiros de Serra Pelada e de trabalhadores nas plantações de cana no Brasil; a paisagem dantesca de uma mina de enxofre na Indonésia; famílias indianas envolvidas na construção de barragens para irrigação e combatentes de incêndios colossais em poços de petróleo no Kwait. Desta narrativa iconográfica de uma verdadeira epopeia global, resulta uma perspectiva arqueológica completada por textos acrescentados às fotos, com informações históricas e factuais.

Trabalhador faz a manutenção dos tubos
Trabalhador faz a manutenção dos tubos – parte do sistema eletrônico. Dunquerque, França, 1987

"Nesse projeto quis documentar o fim da primeira grande revolução industrial, na qual o trabalho era extremamente importante. Durante seis anos, viajei pelo mundo em busca da presença da mão humana na produção. Máquinas inteligentes estavam chegando às linhas de produção. Os computadores e a robotização estavam começando a substituir a força de trabalho”, destaca Salgado.

A natureza da “Trabalhadores” e sua conexão com “O Futuro das Profissões”, tema anual do SESI Lab em 2023, foi determinante para a escolha como a primeira exposição convidada em cartaz no museu de arte, ciência e tecnologia inaugurado em novembro de 2022, em Brasília. 

“Entender e refletir sobre processos históricos é fundamental para a compreensão do contexto atual do mundo do trabalho e para a construção de um futuro mais justo, inclusivo e diverso, utilizando as novas tecnologias como aliadas nesse processo. A exposição Trabalhadores nos convida a essa reflexão”, destaca a gerente-executiva de Cultura do SESI, Claúdia Ramalho. 

As visitas à exposição “Trabalhadores” ocorrerão nos mesmos dias e horários de funcionamento do SESI Lab. O museu abre de terça a sexta-feira, das 9h às 18h. Já aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h. A entrada é emitida na plataforma da Sympla ou na bilheteria física por R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), além de ampla política de gratuidade. O mesmo bilhete dá acesso, também, a todas as galerias de longa duração que reúnem mais de 100 aparatos interativos, bem como participação nas atividades no Espaço Maker, mediante a programação e disponibilidade. 

foto de Sebastião Salgado, veste um casaco e tem ex[pressão séria.
Sebastião Salgado é Embaixador da Boa Vontade da UNICEF e membro honorário da Academy of Arts and Sciences dos Estados Unidos

Sobre Sebastião Salgado 

Economista de formação e nascido em Minas Gerais, Sebastião Salgado começou a carreira como fotógrafo profissional em 1973, em Paris, na França. Trabalhou com agências de fotografia até 1994, quando fundou, com Lélia Wanick Salgado, o Amazonas images, exclusivamente dedicada ao seu trabalho. Esta estrutura é, hoje, seu estúdio com sede em Paris.

Salgado viajou em mais de 100 países com seus projetos fotográficos, que, além de inúmeras publicações na imprensa internacional, foram destaque em livros como Outras Américas, 1986; Sahel, l’homme en détresse, 1986; Sahel: el fin del camino, 1988; Um Incerto Estado de Graça, 1995; Trabalhadores, 1993; Terra, 1997; Êxodos, 2000; África, 2007; Gênesis, 2013; Perfume de Sonho, 2015; Kuwait, um deserto em chamas, 2016; Gold, mina de ouro Serra Pelada, 2019, e Amazônia, 2021. Esses livros foram desenhados e desenhados por Lélia Wanick Salgado.

Sebastião Salgado é Embaixador da Boa Vontade da UNICEF e membro honorário da Academy of Arts and Sciences dos Estados Unidos. Recebeu inúmeros prêmios de fotografia e foi objeto de prestigiosas distinções, incluindo: Grand Prix National (Ministério da Cultura, França); Prêmio Príncipe de Asturias de las Artes (Espanha); Medalha da Presidenza della Repubblica Italiana (Centro de Pesquisa Pio Manzù, Itália). Foi nomeado Comendador da Ordem de Rio Branco (Brasil) e Commandeur de l’Ordre des Arts et des Lettres (Ministério da Cultura, França).

Em 2016, Salgado foi eleito membro da Académie des Beaux-Arts do Institut de France, e no mesmo ano a França o nomeou Chevalier de la Légion d'Honneur. Em 2018, foi nomeado Chevalier de l’Ordre du Mérite Culturel pelo Principado do Monaco. Em 2019, foi eleito Foreign Honorary Member of the American Academy of Arts and Letters (Nova York, EUA) e laureado com o Peace Prize of the German Book Trade (Alemanha). Em 2021, recebeu o título de Honorary Doctor of Arts da Universidade de Harvard (Cambridge, EUA), e agraciado com o Praemium Imperiale Award, da Japan Art Association, considerado como o “Nobel das artes”.

foto do museo do SESI lab, foto de parte de trás da escada, com painel iluminado.
Museu promove a conexão entre ações artísticas, científicas e tecnológicas, em colaboração com a indústria e a sociedade

Experimentação, interatividade, ludicidade e inovação

O icônico prédio projetado por Oscar Niemeyer na época da construção de Brasília, é reduto de arte, ciência, tecnologia e educação para todas as idades. O espaço é uma iniciativa do Serviço Social da Indústria (SESI), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), e promove a conexão entre ações artísticas, científicas e tecnológicas, em colaboração com a indústria e a sociedade.

O SESI Lab possui cerca de 8 mil metros quadrados de área construída dedicados a espaços expositivos, criativos e maker, salas interdisciplinares, um painel de LED com 84 metros quadrados, café e loja conceito. Somados aos 33 mil metros quadrados de área verde revitalizada, em parceria com o governo do Distrito Federal, com espécies nativas do Cerrado, instalações interativas e anfiteatro externo para shows, eventos e outras atividades culturais. 
 

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