Mudanças à mesa: preocupação com saúde aumenta apetite dos brasileiros por alimentação à base de plantas
Pesquisa inédita divulgada com exclusividade por Um Só Planeta aponta que 81% dos consumidores já experimentaram produtos "plant-based" e saúde é uma das principais razões
Por Vanessa Barbosa, do Um Só Planeta
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No país do churrasco, o interesse por produtos sem ingredientes de origem animal vem aumentando de forma expressiva. É o que revela uma pesquisa inédita do programa EscolhaVeg, desenvolvido pela organização de defesa animal Mercy For Animals (MFA) no Brasil e compartilhada com o Podcast Vida Sem Carne, do Um Só Planeta.
A pesquisa “O consumo à base de plantas no Brasil” mostra que 81% dos brasileiros experimentaram produtos à base de plantas nos últimos seis meses e que 97% citam a saúde como um dos três principais motivos para consumir alimentos vegetais, seguido da preocupação com o meio ambiente e com os animais.
Embora a maior parte dos entrevistados tenham se declarado onívoros – o que significa que sua dieta se baseia tanto em fontes vegetais quantos animais – 53% veem os alimentos à base de plantas como opções para substituir porções antes destinadas à proteína animal no prato, enquanto os demais consideram as opções vegetais um alimento “adicional” à dieta.
Mas, afinal, o que são produtos à base de plantas (do inglês plant-based) ? “O alimento à base plantas é 100% vegetal, podendo ser ‘in natura’ ou processado”, explica Júlia Seibel, gerente de Parcerias Corporativas da Mercy For Animals Brasil e coordenadora do programa EscolhaVeg, que dá suporte a estabelecimentos que pretendem incluir opções veganas em seus cardápios. “Apesar do tema estar super em alta, este é um ponto que ainda causa confusão”, destaca.
Na lista de produtos plant-based, entram desde grãos, cereais, legumes e frutas até o que o mercado chama de produtos análogos processados, que buscam recriar o sabor, a textura e o aspecto das versões tradicionais feitas com ingredientes animais, à exemplo de leite, hambúrgueres e outras guloseimas já disponíveis no mercado em versões vegetais.
Um dos aspectos reveladores da pesquisa foi o aumento do interesse por uma alimentação mais baseada em vegetais verificado principalmente entre consumidores da classe C, D e E, também motivado por questões de saúde. “Com o preço da carne altíssimo, queríamos entender qual era o impacto disso na escolha de compra, e nos surpreendermos em ver que a saúde pesava mais, inclusive para esses grupos”, conta Júlia.
Outro dado curioso é a influência da família no despertar da vontade das pessoas provarem um produto plant-based, até mais mais do que propagandas ou recomendação de influenciadores e famosos. "É bom saber a influência que podemos ter no nosso pequeno círculo. Cada um de nós tem um poder muito grande", comenta a porta-voz.
Mercado em ebulição
O mercado global de alternativas à base de plantas pode crescer de US$ 29,4 bilhões em 2020 para US$ 162 bilhões em 2030, segundo projeções. No Brasil, dentro de quatro anos, a proteína alternativa crescerá de US$ 20,7 bilhões para US$ 23,2 bilhões. Por aqui, 63% dos consumidores já compram produtos à base de plantas regularmente, aponta a pesquisa da Escolha Veg.
Embora pareça não haver freios ao apetite crescente por esses novos produtos, ainda há obstáculos a serem superados para que eles se tornem mais populares e presentes no dia a dia das pessoas. Preço, disponibilidade e sabor foram apontados como os principais desafios à expansão. "Mas a tendência, com o tempo, é aumentar a escala e a oferta, o que reduzirá o preço”, pondera Júlia, acrescentando que a inovação nos processos também contribui para ganhos de sabor.
"O comportamento do consumidor está mudando e as empresas estão respondendo a essa nova demanda, inclusive com grandes produtoras de carne já investindo nesse mercado, empresas inovadoras surgindo e maior oferta nos menus dos restaurantes e nos mercados", pontua.
A pesquisa revela, ainda, que à medida que os produtos plant-based chegam aos supermercados e restaurantes, o conhecimento sobre opções vegetais se torna mais expressivo: 77% dos entrevistados disseram ter familiaridade com esses tipos de produtos e 84% relataram ter uma visão favorável às novas opções.
Além disso, 78% disseram que, provavelmente, contariam às pessoas em sua rede social sobre uma empresa que oferece alternativas vegetais e 66% declararam que teriam maior probabilidade de visitar tal estabelecimento. Segundo Júlia, aqui no Brasil, a Mercy for Animals por meio do programa Escolha Veg oferece apoio gratuito para empresas que querem explorar mais o crescente interesse por uma vida se carne em seus negócios. Ao que tudo indica, as mudanças à mesa estão só começando.