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De onde vem o sofrimento psíquico? Para alguns trata-se de um desequilíbrio bioquímico ou um conjunto de comportamentos disfuncionais ao passo que muitos localizarão na infância ou em situações traumáticas suas origens. Claro está que, a despeito de tais diferenças, a sede do mal-estar é comumente localizada no indivíduo, o que pode eclipsar a paradoxal relação do sujeito com seu meio social: nossas dores são vividas singularmente, mas muitas vezes por meio de uma gramática social e histórica. No Brasil, a explosão nos casos de depressão, esgotamentos oriundos do trabalho e riscos de suicídio acompanham transformações de condições materiais de reprodução da vida, bem como de modalidades de sociabilidade. Sofremos sempre contra, pelo, com ou como o outro pois a individualidade é uma espécie de ficção que apaga que a constituição psíquica é, desde Freud, formada desde fora. Nesta live do café, discutiremos as distinções entre mal-estar, sofrimento…...more
sofrimento psíquico: entre o singular e o social, com pedro ambra, psicanalista #aovivo
De onde vem o sofrimento psíquico? Para alguns trata-se de um desequilíbrio bioquímico ou um conjunto de comportamentos disfuncionais ao passo que muitos localizarão na infância ou em situações traumáticas suas origens. Claro está que, a despeito de tais diferenças, a sede do mal-estar é comumente localizada no indivíduo, o que pode eclipsar a paradoxal relação do sujeito com seu meio social: nossas dores são vividas singularmente, mas muitas vezes por meio de uma gramática social e histórica. No Brasil, a explosão nos casos de depressão, esgotamentos oriundos do trabalho e riscos de suicídio acompanham transformações de condições materiais de reprodução da vida, bem como de modalidades de sociabilidade. Sofremos sempre contra, pelo, com ou como o outro pois a individualidade é uma espécie de ficção que apaga que a constituição psíquica é, desde Freud, formada desde fora. Nesta live do café, discutiremos as distinções entre mal-estar, sofrimento e sintoma e como elas se articulam com as determinações de classe, raça, gênero no Brasil.
Palestra do módulo Mente em Foco: trabalho e saúde mental
Com curadoria do psicanalista Pedro Ambra, em parceria com o Pacto Global, da ONU, dentro do projeto #MenteEmFoco
Entre escolas a empresas, passando pelo mundo dos esportes e das redes sociais, um novo mantra parece se anunciar “precisamos falar sobre saúde mental”. Se até as últimas décadas do século XX o sofrimento psíquico estava ainda envolvo em estigmas e tabus, o foco na importância do bem-estar intensificou-se nos últimos anos tanto na opinião pública quanto nas instituições, criando uma espécie de paradoxo: nunca se cuidou tanto da saúde mental e nunca sofremos tanto. Mas de que cuidado e de que sofrimento estamos falando exatamente?
Sociedades tradicionais e povos nativos se preocupavam, ao seu modo, com o que hoje chamamos de saúde mental: por entenderem o sofrimento como um déficit na coesão da comunidade, xamãs, padres, curandeiras e oráculos buscavam religar o sujeito a um determinado lugar na estrutura social. A partir da modernidade, contudo, o indivíduo passa a ser tanto a medida de todas as coisas quanto um ente racional, livre e responsável – inclusive por seus próprios conflitos. A febre dos best-sellers de auto-ajuda ilustra essa ilusão de que cada um de nós é causa de seus problemas e, portanto, vive as consequências de escolhas ruins que podem ser revertidas individualmente. Sair da zona de conforto, pensar positivo e, acima de tudo, empreender. A febre dos coachs ilustra que este discurso de receitas simples (gritos de guerra, técnicas de meditação rápida, efeitos positivos do “bom stress” e ideia de que ricos são ricos porque acordam cedo, entre outros) funda uma obscura fronteira entre bem-estar psíquico e sucesso financeiro no trabalho. Seria este discurso a cura ou a própria causa da explosão de casos de burnout, especialmente na pandemia?
Olhar para si mesmo e não para a estrutura que organiza o mundo, a sociedade e o trabalho é a ideologia que permeia grandes setores sociais no Brasil e no mundo. Contudo, o sofrimento na contemporaneidade escancara o outro lado desta moeda: a hiperexploração, pauperização e dissolução das garantias básicas de direitos do trabalhador — que se vê, por exemplo, sem férias, sindicados, CLT ou possibilidade de greves — conduz a uma espécie de epidemia de burnouts. A pandemia e o confinamento explicitam no quotidiano tal problemática ao colidirem a esfera do trabalho remunerado e com a do trabalho doméstico de reprodução da vida. Verificamos mais ainda a disparidade entre os gêneros na medida em que são as mulheres, em sua esmagadora maioria, as responsáveis pela gestão doméstica concreta e aquela da chamada carga mental. São elas as que mais sofreram emocionalmente durante a pandemia, para além do brutal aumento dos casos de violência física e psicológica. Se é verdade que, para o discurso dominante, há apenas indivíduos e famílias, como explicar o fato de que sofremos por conta de mudanças sociais?
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