Publicação de Elisa Tozzi

O que cabe em 100 anos? Na Suzano, cabe muita inovação, pioneirismo e dedicação aos cuidados com o meio ambiente e com o desenvolvimento social. E cabe, também, as trajetórias de mais de 40.000 pessoas que trabalham na empresa no Brasil e no mundo. A minha é uma delas, ainda humilde em comparação com um centenário: 2 anos. Mas nesse período, eu tenho a oportunidade de me reinventar como profissional, de aprender novas habilidades, de ser desafiada todos os dias para gerar, sempre, mais valor. Mais do que isso, tenho a sorte de compartilhar essa jornada com pessoas incríveis, sempre "fortes e gentis", que não deixam nunca a peteca cair por maiores que sejam os desafios. O aniversário de 100 anos da Suzano é hoje, mas o ano todo é de comemorações e novidades - e com algumas delas eu tenho a honra de contribuir. Parabéns, Suzano! Seguimos juntas plantando um futuro melhor. Hoje e sempre. #suzano100anos

Ainda lembro da primeira vez em que entrei na FIA quase 15 anos atrás para começar a entender sobre carreira, negócios e gestão de pessoas. De lá para cá, 15 anos se passaram e o mundo do trabalho viveu várias reviravoltas. A mais recente, influenciada pela pandemia da Covid-19, quebrou vários paradigmas e tem desafiado as lideranças ao extremo até hoje. Por isso, quando os queridos professores Daniel Estima de Carvalho e Renata Spers, PhD me chamaram para ser co-autora de um livro que iria comemorar os 30 anos do MBA Executivo Internacional do PROFUTURO - FIA Business School, eu aceitei feliz o convite. Com histórias de 30 ex-alunos que são referências em liderança e contextualizações sobre o passado, o presente e o futuro do trabalho, o livro pretende ajudar todos aqueles que precisam navegar nesse mundo incerto, volátil, ansioso, ambíguo e, muitas vezes, incompreensível. Fico muito feliz de fazer um pouquinho parte do legado que o saudoso Professor Dr. James T. C. Wright construiu. Espero que a leitura seja útil para quem quer se desenvolver na liderança e entende, como os participantes do livro, que ser “super-homem” ou “mulher-maravilha” não é o melhor caminho para ter sucesso na carreira e na vida. O livro já está disponível no site da Editora Almedina. Obrigada a todos que participaram com a gente desse projeto. E boa leitura!

A curadoria de conteúdo tem sido uma competência cada vez mais requisitada de quem trabalha com comunicação. Curadoria tem uma relação muito forte com a edição e com o entendimento de que é impossível incluir todo o conteúdo sobre determinado assunto em um plano de comunicação – seja no jornalismo, seja na comunicação corporativa. Além de impossível, incluir tudo também não é inteligente: quando tudo é relevante, nada é relevante. E se nada é relevante, toda comunicação passa despercebida e há perda de interesse, de engajamento e de relevância. Mas como fazer uma curadoria cuidadosa? Como saber o que, de fato, vale a pena ser divulgado e com qual espaço? O primeiro passo para isso é conhecer a fundo o público com o qual o veículo – ou a empresa – se relaciona. Isso é importante não apenas para entender que tipo de informação esse público gostaria de receber, mas também para trazer novidades inesperadas para a audiência – o famoso “você nem sabia que precisava saber disso”. O segundo passo, também muito importante, é ter curiosidade para se aprofundar naquele conteúdo, garimpando histórias e dados que, muitas vezes, ficam escondidos ou esquecidos pelo turbilhão de informações urgentes do dia a dia. Uma boa curadoria tem um equilíbrio entre o que é quente e o que é perene, aquelas histórias ou informações que conectam tanto com quem nos comunicamos que demoram a ser esquecidas. Nas empresas, muitas vezes essas histórias estão no dia a dia dos funcionários, mas é preciso que alguém com um olhar apurado de curador traga isso à tona e dê a ela a importância que ela merece. Quantas histórias ficam perdidas porque ninguém conseguiu contá-las? 

Acreditar que os outros pensam como nós. Isso acontece bastante, mas é um dos erros mais graves quando pensamos em comunicação. Assumir que, ao ver um assunto, a outra pessoa terá o mesmo raciocínio que o nosso e não conversar sobre o tema com transparência pode causar diversos problemas, como refações, erros, falhas de processos e, claro, frustrações de todos os lados. Líderes que têm essa postura – e que esperam que os liderados leiam suas mentes e ajam exatamente como eles esperam – provavelmente criarão equipes desengajadas e que não conseguem atingir objetivos e encontrar novas soluções. Para evitar isso, é muito útil saber quais são os estilos de comunicação mais comuns. O consultor Mark Murphy fez um estudo e encontrou 4 perfis, que compartilho abaixo. E o interessante é que a The Economist Intelligence fez um estudo sobre o tema e descobriu que o estilo mais comum é o Pessoal e que muitos Millennials se encaixam no estilo Funcional. ESTILOS DE COMUNICAÇÃO (por Mark Murphy) 1. Pessoal  - Ênfase no relacionamento humano - Necessidade de estabelecer conexões emocionais - Prazer em ouvir o outro - Tendência à diplomacia 2. Analítico - Argumentos baseados em fatos e dados - Linguagem objetiva - Tendência à autonomia 3. Funcional - Foco no processo - Pensamento passo a passo - Tendência ao controle 4. Intuitivo - Foco no contexto geral - Pouca paciência para os detalhes - Tendência ao follow-up

Embora a palavra colaboração tenha virado mais um clichê corporativo, colaborar pode trazer muito resultados positivos para uma empresa, inclusive melhorando a comunicação e o engajamento. Uma maneira de fazer com que a colaboração funcione e tenha bons impactos na maneira como as equipes trocam entre si é criar projetos com times multidisciplinares, trazendo para perto pessoas com conhecimentos diferentes – e complementares – para criar projetos em conjunto. Isso porque, quando equipes que não trabalham tão próximas no dia a dia, se unem para construir algo, são estimuladas a trocar informações, a opinar, a sugerir, a criar acordos, a encontrar novas soluções e a aprender umas com as outras. Claro que, para dar certo, a colaboração precisa de alguns cuidados. Um dos mais importantes é a construção de um ambiente seguro no qual o grupo se sinta à vontade para, realmente, trocar ideias – independentemente da hierarquia ou do tempo de casa. Para isso, cabe às lideranças o entendimento de construir algo por meio da colaboração é bem mais complexo do que criar através do velho comando e controle: colaborar leva tempo até todos estarem satisfeitos com o resultado. Mas esse esforço vale a pena. Quando dá certo, a colaboração não entrega apenas melhores produtos, soluções ou serviços, mas também senso de pertencimento e fortalecimento das equipes – além de quebra de silos que poderiam existir entre as áreas. 

Por ter passado quase 15 anos trabalhando com jornalismo, não consigo deixar de lado o raciocínio das redações. E, na minha cabeça, uma das maneiras mais sustentáveis de se conquistar autoridade é por meio da informação – desde que embasada, interessante e de fácil entendimento. Um conteúdo bem feito é uma ferramenta poderosa para criar autoridade para as empresas que passam a se relacionar com o público (e com os consumidores) de uma maneira diferente: em vez de aproximar pelo consumo, aproxima pelo conhecimento. Isso é muito forte, pois pode ajudar as companhias a melhor sua reputação e a ser conhecidas pelo público não só por aquilo que produzem ou vendem, mas pelas informações que compartilham. A maior parte das empresas tem um entendimento aprofundado do negócio e profissionais especializados em temas que geram valor para determinado público – e é preciso mostrar isso para o mundo, seguindo o raciocínio do jornalismo: publicar conteúdo relevante para a sua audiência. Como fazer isso? Há diversas possibilidades, como blogs, e-books, podcasts, infográficos, hubs de conteúdo. O importante é entender o que é relevante para o público, verificar como os temas se conectam à estratégia de negócio e ter paciência para construir um relacionamento que vai além das relações comerciais, mas que pode se tornar de alto valor por ser baseado na troca de conhecimento.

Além de jornalista e consultora de comunicação, também já atuei como ghostwriter e ajudei autores a escrever diversos livro, a maior parte deles de negócios. E os livros me ensinaram uma estrutura de organização do conteúdo. É um roteiro que pode ser adaptado para diferentes formatos, desde textos e roteiros de vídeo ou podcast até apresentações e momentos do dia a dia do trabalho, como reuniões de feedback. A estrutura é bem simples: Identificação: é a hora de se aproximar do seu interlocutor, mostrando o que vocês precisam resolver ou debater juntos. Problema: momento em que o desafio a ser superado é detalhado. Aqui também é importante explicar por que essa questão precisa ser resolvida. Método ou Solução: nessa etapa, é preciso mostrar quais são as alternativas para resolver o problema apresentado. Se você estiver numa reunião ou workshop, esse é o momento de abrir para a colaboração e estimular a construção conjunta de soluções. Celebração: é a hora de retomar o que foi feito, resumir as principais soluções e trazer uma mensagem positiva sobre a superação dos desafios. Mesmo quando o problema não foi totalmente resolvido, celebrar é importante para mostrar que há um caminho a ser trilhado. 

A palavra "narrativa" tem perdido o significado ultimamente, sendo usada como sinônimo de invenção, mentira, enganação e como maneira de desmerecer o que alguém está contando. E isso é uma pena. Acredito que nós, que trabalhamos com comunicação, precisamos resgatar esse termo que não tem nada de negativo por si só. Uma narrativa nada mais é do que o modo de contar uma história. Essa história pode ser ficcional (como em um romance ou em um filme, não como em uma fake news, que fique bem claro) ou pode ser verídica. E do lado das histórias reais estão as narrativas que as empresas podem construir para se apresentar, se posicionar, se engajar. Para contar a história de uma empresa, o primeiro passo é entender qual é a razão de ser da companhia em momento específico. Para isso vale perguntar: como o propósito corporativo se conecta com os tempos atuais? Como demonstrar, por meio de histórias, a razão de ser da companhia? Um exercício interessante para construir uma narrativa corporativa é pensar em palavras-chave, entendendo quais são os principais termos que vêm à tona quando pensamos o que a empresa faz e como as pessoas a percebem. A partir daí, fica mais fácil delimitar como contar a própria história, como construir uma narrativa – genuína, verdadeira, transparente – que faça sentido tanto para a companhia, quanto para o público. Lançar mão de dados objetivos (e que possam ser comprovados) e de histórias reais de funcionários, clientes e parceiros também ajuda a aproximar a história do público – e a deixar claro que o que está sendo dito é verdadeiro. Tudo fica mais redondo quando o que se conta é o que se vive dentro da companhia. Por isso, além de conectar as narrativas com o propósito e a visão de longo prazo da companhia, é necessário ligá-las com o que os funcionários vivenciam e sentem no dia a dia – não há melhor maneira de mostrar veracidade. 

Estima-se que os profissionais perdem em torno de 30% do tempo de trabalho buscando informações relevantes para executar suas tarefas, segundo um levantamento famoso da consultoria IDC. Esse dado traz à tona um problema comum nas empresas: a dificuldade em organizar, consolidar e criar uma narrativa coerente para os dados. Para lutar contra esse problema, uma alternativa é criar bons materiais de consulta que, além de apoiar o dia a dia dos funcionários, também são úteis para contar a história da empresa por meio de informações relevantes. Mas como fazer isso? Posso compartilhar algumas ideias. 1.     Conectar o material com a estratégia da empresa: parece básico, mas é esse raciocínio que vai garantir que o conteúdo de apoio vai realmente gerar valor para as pessoas e para o negócio. Quais são as metas de curto, médio e longo prazo da empresa? E quais são as principais informações que são importantes para cumprir essas metas? As respostas para essas perguntas deixarão mais claro quais materiais devem ser produzidos, em que ordem e por quê. 2.     Envolver as áreas parceiras desde o início: é comum que a área de comunicação da empresa construa os materiais e as áreas envolvidas aprovem o conteúdo. Não há nada de errado nesse raciocínio, mas trazer as áreas para perto desde a concepção do projeto aumenta o envolvimento, o comprometimento e deixa o material mais rico. Isso porque ninguém sabe melhor o que é mais relevante, qual formato faz mais sentido e quais assuntos não podem ficar de fora do que os usuários finais daquele conteúdo. 3.     Divulgar e atualizar: só tem valor verdadeiro o que é usado. Por isso é tão importante fazer divulgações sobre os materiais de apoio, usá-los como referência ao responder perguntas no dia a dia e sempre relembrar o pessoal de que determinado assunto pode ser encontrado ali – e, claro, ter um local de fácil acesso para todos que precisam daquelas informações. Além disso, também é fundamental atualizar o material. E não digo apenas em termos de informações, mas também de outros ajustes (de formato ou design, por exemplo) que se mostram necessário a partir do uso no dia a dia. 

Fenômenos como o quiet quitting e a Grande Resignação, que ganharam força recentemente, têm um componente comum que existe há muito tempo no mundo do trabalho: a falta de satisfação profissional. Uma pesquisa da Gallup que acompanha o humor dos profissionais com seus trabalhos já vem apontando que a satisfação está em queda: em 2022, apenas 1 em cada 5 pessoas se sente satisfeita com sua profissão; 60% estão emocionalmente distantes do trabalho; e 19% se sentem miseráveis trabalhando (link para a pesquisa completa nos comentários). Os índices são preocupantes quando se trata da atividade que mais nos consome horas – na média, só dormimos mais do que trabalhamos e, dependendo da rotina, isso nem sempre é verdade. As razões para o descontentamento são várias, mas passam invariavelmente por dois pontos: liderança e comunicação. Esses dois pilares do trabalho podem melhorar ou piorar a vida de qualquer profissional – e é os gestores que sabem se comunicar bem conseguem deixar o dia a dia, senão mais feliz, pelo menos mais fácil de lidar. Mas é preciso trabalhar essa competência porque comunicação não está no sangue de muitos gestores, tanto que uma pesquisa feita nos Estados Unidos revelou que 17% dos funcionários demitira o CEO se a decisão se baseasse no modo como a empresa se comunica com os empregados. Como, então, se comunicar melhor com as equipes e tornar a vida das pessoas menos miserável no trabalho? Trago algumas sugestões. Tenha coerência: no Dia das Crianças foram vários os relatos neste LinkedIn de empresas que comemoram a data, mas que demitem mães retornando da licença-maternidade ou que questionam na entrevista como a mulher vai fazer para trabalhar e tomar conta dos filhos. Esse é só um exemplo de como a coerência é essencial. E isso se reflete também na comunicação: não adianta o líder ter um discurso para fora e outro para dentro, as pessoas percebem. Só quando tudo está alinhado é que se gera confiança, segurança e, consequentemente, satisfação. Seja genuíno: em alguns momentos não se pode falar tudo, nem revelar todos os detalhes de uma decisão, mas o melhor é ser sempre genuíno, trazendo à tona tudo o que pode ser dito. Além disso, é importante manter o seu estilo de comunicação, que pode ser mais ou menos extrovertido, desde que sempre seja respeitoso, transparente e inclusivo. Crie espaços seguros: se a sua empresa não tem uma cultura de comunicação, o próprio líder pode cria-la dentro da equipe. Não é preciso esperar o RH ou a alta gestão para organizar encontros periódicos com os times para ouvir demandas, inquietações, dúvidas, desabafos e sugestões. O importante é demonstrar que esses momentos têm segurança psicológica: que todo mundo pode ser quem e se abrir é sem ser punido por isso.